Dizem alguns especialistas que "o neto é filho com mel"... ou que o prazer que traz um neto compensa longe todo o esforço despendido na criação de um filho... chegam alguns jocosamente a propor, se não seria possível pular etapas!!??

O papel dos avós junto aos netos é a gratuidade de atenção, carinho e amor. Alguns pais se queixam que os avós estragam os netos com seus mimos. A responsabilidade da educação é dos pais, sendo este um dos motivos que faz com que netos e avós se entendam tão bem. Havendo respeito pelos critérios e hábitos estabelecidos pelos pais, não há prejuízo para a autoridade paterna, nem para o desenvolvimento do caráter dos filhos, se os avós se permitem eventualmente conceder este ou aquele capricho ao neto. De certa forma os avós dão um refresco eventual ao dia a dia imposto pelos pais.

Infelizmente perdem os netos que ficam com os avós durante o dia para que seus pais possam trabalhar. Neste caso os avós assumem temporariamente a responsabilidade dos pais, o que termina por ofuscar a magia que existe na relação neto-avô. Um dos riscos que correm os avôs-pais, nesta situação, é que tire o neto proveito da afabilidade dos avós, e termine por se tornar um tirano. Há que haver uma séria preocupação por parte dos avós-pais, de impor limites, mas sem desautorizar os pais, uma vez que permanece sendo deles a responsabilidade de educar os filhos.

Avô é um estado de espírito que independe da idade. Ser chamado de avô/avó, por si é uma forte demonstração de afeto dos netos. Há quem conquiste este tratamento carinhoso, mesmo sem o ser de fato, por sua maneira afável de ser, pela abertura de diálogo e tempo que dispõe às crianças. São vínculos familiares de ouro que penetram fundo em nosso coração, que permanecem por toda a vida. Quem não se lembra com carinho dos avós?

Não é somente o neto que cresce nesta relação mágica. Os avós também crescem. Depois de terem labutado uma vida cheia de desafios, se vêem em um horizonte curto, com os filhos criados, independentes e autônomos, desenvolvem a tendência de se centrar nos padecimentos que a idade traz, de se abstrair da realidade ou de ser fechar no usufruto frustrante do que imaginam ser seus últimos momentos. Re-descobrem nos netos o prazer de esquecer de si para lhes serem úteis, contribuindo ao desenvolvimento de seu caráter e de sua inteligência emocional, descortinando-se um horizonte emocionante por participar de seus planos, contaminados pela alegria de viver das crianças e dos jovens.

Na época da adolescência é natural que haja um choque entre o filho e seus progenitores. Os pais comentam brincando que seus filhos ficam impossíveis. O adolescente, em busca de sua própria identidade, reivindica maior liberdade, questionando a postura protecionista paternal. Os pais se mantêm prudentes, sabedores do risco que o adolescente corre com seus rompantes desmedidos. Acabam os netos por encontrar nos avós ouvintes pacientes de seus planos e sonhos de conquista do mundo, pontos de apoio frente ao desânimo e incompreensões, e torcedores incondicionais de seus triunfos.

Os avós terminam por complementar a educação dos pais, sem nunca suplantá-los. São para os netos um mundo a ser explorado, alguém que já batalhou mil guerras, que tem interesse de descortinar suas vivências, falar sobre as alegrias e cicatrizes que a vida lhes deixou. Os avós contam a história das raízes da família, mantêm vivas as tradições, contam as traquinagens dos pais. Os avós são os cúmplices perfeitos dos netos, alguém que esperam sempre ardentemente rever.

É portanto um forte objetivo de formação do caráter, que os netos tenham oportunidade de estar com seus avós. Principalmente com os avós que curtem seus netos. Se a família viaja com freqüência, que sejam os avós convidados também! Se tiverem os netos oportunidade de eventualmente dormir na casa do vovô, que não se perca esta oportunidade de ouro!!

Onde estão os avós, no sítio do vovô? Pois eis que grande tesouro no fim de semana ir vê-los com freqüência!! Se perguntarem para um neto, qual é o melhor lugar do mundo, muitos responderão, no sítio do vovô, na casa do vovô, ao lado do vovô.

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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com