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Coluna "Imprensa"

Aposta na família

Carlos Alberto Di Franco

São Paulo (SP) - Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, menos da metade dos lares norte-americanos é chefiada por casais casados. No Brasil, embora em escala bem menor, a situação não é menos chamativa. O mapa da família brasileira mostra uma tendência comportamental na linha da informalidade matrimonial.

O debate está aberto. O legislador e a sociedade devem buscar ativamente maneiras de apoiar o casamento? Ou, ao contrário, devem oferecer mais direitos e benefícios às fórmulas alternativas de uniões?

Para Leah W. Sears, presidente da Suprema Corte do Estado da Geórgia, em recente artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, “um Direito de Família que não incentiva o casamento ignora o fato de que ele é associado a um amplo leque de resultados positivos – tanto para crianças como para adultos. Os índices elevados de fragmentação da família estão prejudicando as crianças” (...) “Claro, muitos pais solteiros fazem um excelente trabalho e precisam do nosso apoio. Mas acredito que construir uma cultura do casamento saudável é uma preocupação legítima para o Direito da Família”, concluiu a juíza.

Concordo com a opinião de Leah W. Sears. A balança do bom senso pende para o lado da família. E a experiência confirma a percepção. Estudos mostram que crianças criadas fora do casamento estão mais propensas a abandonar a escola, usar drogas e envolver-se em violência.

A “Child Trends”, um instituto de pesquisa norte-americano, resumiu: “Filhos em famílias com um só dos pais, filhos nascidos de mães solteiras e filhos criados na nova família de um dos pais ou em relações de coabitação enfrentam riscos maiores de ficarem pobres.” Contra fatos não há argumentos.

Não sou juiz de ninguém. Mas minha experiência profissional indica a presença de um elo que dá unidade às manifestações anti-sociais de inúmeros adolescentes: o esgarçamento das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e patologias independem da boa vontade dos pais. A regra, no entanto, indica que a criminalidade infanto-juvenil costuma ser o corolário de um silogismo que se fundamenta em premissas bem concretas. A desestruturação da família está, de fato, na raiz de inúmeros problemas.

Os conflitos familiares são, por exemplo, a principal causa que leva os jovens para o mundo das drogas. Embora exista uma série de fatores que podem fazer com que os jovens experimentem as drogas e se viciem (predisposição genética, fatores de personalidade, pressão do narcotráfico), a estruturação familiar é decisiva.

A crise da família, aqui e lá fora, já está apresentando dramáticas conseqüências anti-sociais. A ruptura familiar produz, inevitavelmente, um desajuste afetivo. A transgressão é, freqüentemente, uma fuga, um recado revoltado. A ausência de vínculos afetivos gera introspecção e frieza. Na falta do carinho e da orientação familiar, elementos indispensáveis ao bom desenvolvimento da personalidade, as crianças crescem sem referenciais e ficam à mercê da babá eletrônica. A omissão da família e a onipresença de uma televisão pouco responsável estão na origem de chocantes comportamentos anti-sociais.

O resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família (família sadia é, em todo o mundo, a melhor receita para a paz), pelo retorno ao bom senso e pela valorização do casamento.

Os conflitos e as disfunções familiares devem ser levados em conta. Mas ao Estado, como é lógico, compete fortalecer e não enfraquecer o núcleo familiar. Trata-se de uma responsabilidade que deve ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores. A crise ética que castiga amplos segmentos vida pública brasileira, fenômeno impressionante e desanimador, tem seu nascedouro na crise da família. A ausência de valores e princípios éticos no âmbito da educação familiar deixa marcas profundas.

Os homens públicos não são fruto do acaso, mas de sua história. As CPIs são importantes, sem dúvida. Mas a virada ética, consistente e verdadeira, começa na família.



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Fonte: Opinião em Foco - 20/12/2004

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com).

E-mail: difranco@iics.org.br

Publicado no Portal da Família em 03/04/2007

 

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