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Fabio Toledo

Coluna "Assuntos de Família"

Realizações no casamento

Fábio Henrique Prado de Toledo

Marta e Pedro estão casados há mais de vinte anos, porém, tempos atrás, o casamento não andava muito bem. Durante a crise, Marta chegou a pensar que o problema não eram mais as brigas com o marido, que já foram muito freqüentes, mas uma certa apatia que começou a dominar-lhe.

“Sinto-me sem vontade de enfrentar uma tentativa de reconciliação, confidenciou ela com uma amiga. Se eu tentar conversar, ele vai acabar por ceder, sairemos para jantar, mas, depois, ele continuará com os mesmos defeitos, voltaremos a nos desentender, e daí começará tudo de novo. Acho que cansei”.

A amiga aconselhou-lhe a procurar um orientador familiar. Explicou que é uma profissão ainda pouco conhecida no Brasil, mas já reconhecida em alguns países do mundo. Marta, que no fundo desejava salvar o casamento, aceitou o conselho, de modo que ela e o marido procuraram o profissional.
Após algum tempo de orientação, a relação com o marido melhorou muito.
Agora que o nosso tema é realizações no casamento, penso que seja muito interessante ouvir o relato que eles próprios fazem:

“Uma das observações mais sábias que o orientador me fez”, começa contando Marta à amiga, “foi dizer que os nossos defeitos nos outros são insuportáveis. De fato, me dava nos nervos ver quando meu marido deixava a escova de dente sobre a pia após usá-la, e isso era suficiente para dar início a uma briga. Mas é que eu também não sou organizada com as minhas coisas. Por exemplo, era freqüente deixar minha bolsa sobre a mesa da sala. Percebi, então, que, por não ser eu uma pessoa ordenada, é que as desordens dos outros me irritam tanto. E agora chega a ser engraçado observar que, por ter me esforçado, venci o meu defeito e não mais me incomoda as desordens do meu marido”.

“Outra coisa que eu e meu marido aprendemos foi respeitar as diferenças que há entre o homem e a mulher, o que até então não entendíamos”. “Por exemplo”, continuou ela, “o homem, em regra, costuma olhar para o conjunto e não observa os detalhes, ao contrário da mulher. Assim, antes, me tirava do sério quando ele não encontrava as coisas. Abria a gaveta procurando algo e, logo em seguida, vinha o grito: Marta, cadê minha meia nova? Eu ia até lá e, no meio da gaveta, bem á vista de qualquer um, estava a meia nova. Agora sei que eles são assim, não encontram mesmo o que procuram.

Pedro entra em casa nesse momento e percebe rapidamente, entre a última frase da esposa e o riso da amiga, do que falavam. Após uns breves cumprimentos à esposa e à amiga, não perde a chance de contar a outra parte das diferenças:

“Marta, acho que você não contou do mapa, então eu vou contar. Antes eu não sabia por que as mulheres não entendem mapas, e eram freqüentes as brigas durante as viagens. Eu pedia a ela que procurasse o caminho que devíamos fazer, mas ela virava o mapa, voltava, dava mais voltas no papel diante de si e não achava nunca a rua, então eu parava e via que ela simplesmente procurava no sentido contrário. Agora não brigamos mais por esse motivo, sei que os mapas não foram feitos para mulheres”, concluiu ele com uma forte dose de ironia. A amiga não achou nenhuma graça nisso.

O marido as deixou, e agora Marta conclui o relato à amiga, com frases entrecortadas pela emoção de quem encontrou uma grande alegria: “Mas o que mais me marcou foi o orientador familiar nos ter feito ver que a vida conjugal pode ser comparada a uma cesta, nem bonita nem feia, apenas uma cesta. Porém, que pode ser preenchida por rosas ou por um montão de porcarias. As porcarias não nossos egoísmos, cada um pensar em si mesmo. As rosas são espinhos e flores, que formam um todo harmonioso, e belo. Há os espinhos, não dá para tirá-los. Assim também em nossa vida, há acontecimentos dolorosos, que nos fazem sofrer, mas se os vivemos juntos, cada um amparando o outro, convertem-se nos espinhos que acompanham as rosas. Mas há também as rosas. Nossos filhos, os infindáveis momentos que passamos juntos, aqueles jantares barulhentos com as crianças em volta da mesa, aquela viagem que fizemos, o nosso primeiro dia na casa nova. Enfim, ele nos fez ver que cada dia é uma oportunidade de colocar uma rosa nessa cesta, com flores e espinhos. E, no fim, a razão de ser da cesta são as rosas”.

As amigas se despedem com um abraço emocionado. Ao pé da porta, Marta encontra um buquê de rosas que o marido havia trazido e não lho havia entregado: “Ficou com vergonha de entregar-me na sua frente”, explicou Marta à amiga. “Ah, eles também têm tanta dificuldade em demonstrar o que sentem!”, concluiu Marta.



casal

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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC.

e-mail: fabiohptoledo@gmail.com

Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/

Publicado no Portal da Família em 22/05/2007

 

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