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Livrar-me da maternidade? Não, obrigado

Nieves García

Quando Madame Curie trabalhava ao lado de seu marido, como sua melhor colega, não deixava de ser um ente estranho com avental branco nos corredores da Universidade de Sorbone. Porém para a mulher de hoje, ao menos na chamada sociedade ocidental, já não existem mais telhados de vidro. Uma das conquistas mais valiosas dessa "revolução" foi abrir para as mulheres as portas da educação. As Universidades e as cátedras estão hoje cheias de fêmeas que competem no mundo das ideias, entre si e com os homens, sem nenhum problema.

Por que é tão valiosa essa conquista? Porque o conhecimento dá ao homem uma margem maior para o exercício de sua liberdade, obviamente com todos os riscos que isso trás consigo. Riscos que vale a pena enfrentar porque a liberdade nos faz melhores pessoas.

Foi livre a mulher na hora de ser mãe? Ao longo da história e em todas as sociedades se viu como algo natural que a mulher desempenhasse o papel de mãe. Viu-se a maternidade como um fato cultural que se disfarçava com a máscara daquela afirmação "a biologia é destino" já que vinha "imposta" por uma natureza herdada geneticamente, que subjugava a mulher de forma exclusiva à função procriadora e da qual não podia subtrair-se. O instinto de conservação da espécie lhe obrigava a seguir o ciclo da reprodução. Por isso, a mulher não havia tido nunca um papel representativo nos âmbitos públicos e na tomada de decisões, já que era um animal condenado à "produção" de seres humanos e obrigada a criar sua prole. Eram os papéis pelos quais a natureza escravizava a mulher e a submetia no espaço privado, afastando-a de outras possibilidades que a realizariam como ser humano.

Porém, em 1959, Gregory Pincus consegue comercializar a famosa "pílula" nos Estados Unidos e, em 1961, na Europa. Inicia-se o processo da "liberação sexual" pelo qual a mulher agora será "dona" de seu corpo, e pode dissociar o ato sexual das consequências da procriação. A mulher "liberada" escolhe quando quer ser mãe. Da maternidade "imposta pela natureza" se passa à "maternidade por opção". (Não discutiremos agora o aspecto ético desse fato, simplesmente o anotamos como um fato social). Se as teorias dos quem pensam a maternidade como um acontecimento alienante estivessem justificadas pela realidade, se poderia pensar que chegava para a mulher a oportunidade de ouro para livrar-se da maternidade que a natureza lhe impunha...

Porém... foi assim? O Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), nos fins do ano 2001, revelava que na União Europeia a média de idade das mulheres que tinham filhos havia subido dos 26 para os 30 anos e que, em geral, a tendência era terem um só filho. Porém, revelava também que o número de mulheres que optavam por ser mães era igual, até maior, que em 1976. A realidade se impunha, e apesar de que o índice de natalidade decresceu vertiginosamente nos países do primeiro mundo, a mulher livre continua escolhendo livremente ser mãe, e agora sem dúvida pela própria vontade. Por quê?

Será que para a mulher a maternidade não é um fenômeno de alienação, mas uma oportunidade de realização autêntica? A mulher de hoje escolhe ser mãe porque sabe que assim é feliz; há algo que a convida a optar por esse caminho, e sabe que nele encontrará pelo menos o antídoto ao que mais teme uma mulher: a solidão.

Jean Lacroix, o grande colaborador da revista intelectual francesa Esprit, escreve em seu livro "Persona y amor": "Atuando nos recriamos continuamente. No menor de nossos atos está contida a possibilidade de transfiguração de toda uma vida". Por isso, quando uma mulher escolhe ser mãe, nesse ato se recria novamente, e o faz para crescer em identificação pessoal consigo mesma. Já não podemos dizer que o faz condicionada por um instinto maternal que a obriga.

O homem se define na sua liberdade. É mais livre quando escolhe o que o faz melhor, o que o autentica, o que o ajuda a ser o que é. A mulher é mulher, especialmente porque é mãe, ela e só ela. Sinto muito "amiga proveta", creio que te falta muito para pode substituir a grandeza do ser de uma mãe.

A mãe, na espécie humana, não apenas gera, pare e protege sua cria. A mãe concebe, dá a luz e educa seres humanos, seres para o amor, precisamente realizando-se no amor (entendido como doação de si mesma). Concebe em um ato de amor, aceita o desenvolvimento dessa vida em seu seio por amor, dará a luz por amor e ficará ligada a esse novo ser para sempre. O amor e a fidelidade andam de mãos dadas. Cada vez que uma mulher escolhe e aceita ser mãe, cresce sempre mais em sua dignidade como ser humano livre.

A mulher-mãe é a porta que conduz a uma sociedade realmente humana. A maternidade é da essência da natureza feminina e dignifica a condição do homem. A força da maternidade vai mais além dos atos corporais que fazem de uma mulher mãe (fisicamente), porque nosso corpo é instrumento de uma linguagem mais profunda. A mulher livre que opta pelo amor, é mãe sempre, porque está sendo fiel à sua própria natureza, não só biológica, mas à sua identidade de mulher livre.

Livrar-me da maternidade? Não, obrigado. Porque a maternidade vivida como opção pessoal é o ato mais libertador dentre os que uma mulher pode realizar. Quero é livrar-me das máscaras que me convidam a perder minha feminilidade: a do trabalho profissional como oposto e excludente a constituir família e ter filhos – ou como o único caminho de realização; a máscara que me quer impor um script masculino para "ser livre" do meu eu; a máscara que me engana fazendo que recuse minha tendência às próprias pessoas em si mesmas e leva-me a usar as pessoas como instrumentos; a máscara que me asfixia fazendo que toda minha segurança apoie-se somente na imagem estética e ficticiamente estereotipada criada pelo comércio... Livrar-me dessas máscaras? Isso sim, obrigado.

A mulher atual ainda tem outros entraves a eliminar no seu caminho de libertação, porém não é precisamente a trava da maternidade - que define seu gênio feminino -, mas as travas que nossa essência encontra, porque ainda temos medo de ser... o que somos: mães no espírito e no corpo.

Parabéns mãe, por seres o que és: mulher.

mãe beijando bebê

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Por: Nieves García, Colaboradora de mujernueva.org

Traduzido por Luiz Roberto de Barros Santos

Publicado no Portal da Família em 13/07/2014

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