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Pateo do Collegio |
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Qual o museu mais visitado de São Paulo atualmente? O Museu Anchieta, no “Pateo do Collegio” (grafia antiga do nome do lugar) é o museu de São Paulo que mais recebe visitantes atualmente, principalmente de turistas que buscam conhecer um pouco mais da história da cidade. Os primórdios da cidade Foi no “Pateo” que tudo começou: ali os jesuítas da Companhia de Jesus fundaram o colégio onde procurariam levar aos indígenas os princípios do cristianismo. Vindos primeiramente a Salvador, os jesuítas chegaram, depois, a São Vicente, onde o Padre Manuel da Nóbrega tomou conhecimento da existência de um lugar com melhores condições de vida, que incluíam a abundância de água e peixes. Esse lugar era o nosso planalto de Piratininga, onde se fixariam, em 1554, construindo, inicialmente, uma cabana de pau a pique de cerca de 90 metros quadrados, ou, como descrita por Anchieta, de 10 por 14 passos craveiros (passo craveiro era uma medida linear portuguesa). Dois anos mais tarde, foi construíodo um novo colégio e a Igreja de Bom Jesus, feitos em taipa de pilão (a taipa de pilão é uma técnica de origem ibérica, que consistia em socar em um pilão a terra umedecida, à qual se adicionavam fibras vegetais, areia, estrume e sangue de boi, até transformá-la em massa uniforme, com a qual se preenchiam estruturas de madeira, retiradas após a massa estar seca). Desse pequeno colégio surgiria a maior métropole da américa latina, São Paulo. A Companhia de Jesus Pelo que se sabe, não era intenção da Companhia de Jesus fundar aqui uma cidade, mas, apenas, o Colégio. O prédio do colégio passou por várias refeituras. Em 1640, os padres foram expulsos, devido a desentendimentos entre eles e os bandeirantes, que os acusavam de defender os índios; devido à ausência da Companhia, o colégio foi praticamente destruído, sendo refeito por ocasião do retorno dos jesuítas em 1653. De fato, a atitude dos padres em relação aos indígenas envolvia sua defesa e preservação. A atitude respeitosa em relação às comunidades nativas envolvia, inclusive, a procura de conhecimento de sua cultura, como meio de aproximação e entendimento – não é à toa que o mais famoso (e o mais importante) dos jesuítas que aqui estiveram, o Padre José de Anchieta (1534-1597), chegou a fazer uma gramática da língua tupi, possibilitando, inclusive, que a posteridade tivesse acesso ao idioma que se falava no Brasil à época do descobrimento. E mais: Anchieta – hoje Beato, com possibilidade de vir a ser canonizado pela Igreja – chegou a compor um longo poema no idioma indígena, que costumava ler a seus alunos, cuja língua era exclusivamente oral... Um documento precioso, que ainda hoje pode ser apreciado por suas qualidades. Padre Anchieta Mestre, poeta e escritor, Anchieta é autor, também, de muitas cartas, hoje pertencentes ao Arquivo Romano da Companhia de Jesus (ARSI). Eram cartas dirigidas a seus superiores com o relato de seus trabalhos. Nascido em 19 de março de 1534, em São Cristóvão de La Laguna, na Ilha de Tenerife, José de Anchieta ingressa na Companhia de Jesus em 1551. Em maio de 1553, parte para o Brasil, na terceira expedição de missionários jesuítas, chegando, em outubro, à Bahia de Todos os Santos e, em dezembro, a São Vicente. Em 1554, vai ao planalto de Piratininga para ser o primeiro mestre no Colégio de São Paulo de Piratininga, fundado em 25 de janeiro. Em 1567, parte na expedição de Estácio de Sá para a consquista do Rio de Janeiro; em 1576, é nomeado superior em São Vicente. Em 1587, fixa residência no Espírito Santo. Em 1597, falece em Reritiba (atual município de Anchieta, no estado do Espírito Santo), assistido por cinco dos seus companheiros. Seu coração foi levado pelos índios para Vitória, onde foi sepultado. Da expulsão da Companhia a nossos dias Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brail por ordem do Marquês de Pombal, ministro da Coroa Portuguesa. Isso ocorreu devido à força das relações entre os padres e os nativos, considerada indesejável pelos outros portugueses. Pombal proibiu, também, que se falasse a “língua brasílica” (como se chamava o idioma indígena) em todo o país. Os padres tiveram de sair às pressas do Brasil (tiveram 3 dias para sair do país, sem poder levar absolutamente nada além da roupa do corpo); o colégio passou, então, a ser usado para abrigar os governadores e representantes da Coroa Portuguesa. Após um longo período – durante o qual a Companhia de Jesus chegou a ser extinta (em 1773) en quase todo o mundo (só permanecendo na Rússia), para retornar mais tarde (em 1814) -, o “Pateo do Collegio” retorna às mãos dos jesuítas: em 1953, é devolvido a eles o sítio histórico da fundação de São Paulo, como um dos marcos iniciais da comemoração dos 400 anos da cidade, em 1954. O prédiodo Palácio dos Governadores – que surgira em 1765, modificando a construção do colégio – foi, então, demolido. O Museu Anchieta Em 1979, é inaugurado o Museu Padre Anchieta, abrigado numa réplica da construção de 1556, bem como a Igreja do Beato Anchieta. Hoje, após ampla reforma e restauração, o público tem acesso a um dos lugares mais belos e interessantes de São Paulo, onde se desenvolvem diversas atividades ligadas à cultura. O Museu conta com sete salas de exposição que abrigam coleções de arte sacra, cotidiano paulista dos primeiros séculos, cultura material indígena e uma pinacoteca. No museu pode-se ver, por exemplo, uma maquete de São Paulo no século XVI, onde o antigo Colégio se mostra numa localização privilegiada, no alto das encostas, da qual se podia enxergar qualquer pessoa que se aproximasse. O visitante também pode ver a pia batismal original do lugar, e obras de arte sacra, além do manto e de um fêmur de Anchieta, entre outros itens. O “Pateo” também dispõe de uma grande atração para bibliófilos e historiadores: a Biblioteca Padre Antonio Vieira, que inclui livros de história do Brasil, de São Paulo e da Companhia de Jesus. Além das atividades normais do Museu, da Biblioteca e da Igreja – onde muitos fiéis assistem missa rezada por jesuítas -, o “Pateo do Collegio” é um lugar onde se realizam cursos (inclusive de Tupi Antigo), apresentações (de música sacra e música de Câmara), oficinas, reuniões e congressos. Lá funcionam as “Oficinas Culturais Anchieta”, dirigida a jovens carentes (a Cia. De Jesus é responsável por diversos programas para pessoas necessitadas), que aprendem técnica de decupagem em madeira, além de trabalho com porcelana e argila. Museu Anchieta Praça Pátio do Colégio, número 2, Centro – São Paulo. Próximo à estação do Metrô Sé. |
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Fonte: Revista Salada Paulista, Ano VI, Nº 17, 2004. Revista do SINHORES-SP – Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo. |
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