As
revistas femininas publicam cada vez mais reportagens sobre sexo.
Mas são reais?
Nos dias de hoje, cada vez mais, as pessoas são bombardeadas com
informações recheadas de conteúdos insistentes e
manchetes espetaculares que tentam, a qualquer preço, chamar a
atenção dos leitores para consumir determinados produtos.
Quem nunca parou numa banca de jornal atraído por uma notícia
arrebatadora ?
Acontece que, atualmente, as revistas femininas são as campeãs
em um tipo de manchete: segredos sexuais, como obter a atenção
masculina, o que ele pensa sobre você.....
Recentemente, foi publicado um artigo na revista da Universidade de Jornalismo
de Columbia (EUA), a Columbia Journalism Review, que aborda exatamente
esse assunto. No texto, a jornalista Liza Featherstone comenta que muitos
editores, colaboradores e jornalistas de revistas femininas famosas -
como Elle, Cosmo, Marie Clair, Mademoiselle,entre outras - discutem que,
apesar dos conteúdos de tais publicações que apresentarem
matérias fracas, modelos magras e muita publicidade, o maior e,
talvez, mais grave problema dessa discussão é o quanto tais
revistas mentem sobre sexo.
De acordo com o artigo, as histórias sobre sexo são apresentadas
como jornalismo investigativo, chocando muitos analistas e fazendo com
que os leitores realmente acreditem que as histórias são
verdadeiras. Liza comenta que antigos editores - que preferem não
ter seus nomes revelados - garantem que a maioria das cartas que chegam
às redações não é sequer verificada
para saber se a informação é verdadeira. Na maioria
das vezes, Liza afirma, as frases são reescritas para ficarem mais
chamativas, as idades são mudadas para atingirem a faixa etária
do público-alvo da revista e os redatores entrevistam seus amigos
para dar opiniões.
Segundo um ex-editor da revista americana Mademoiselle, muitas histórias
não existem, ou simplesmente, são inventadas. Ele diz que
sempre que um artigo ou depoimento traz o lembrete "nomes trocados"
visando preservar a identidade do leitor, significa que os personagens
que compõe o assunto são fabricados. Para ele, os leitores
nem percebem esse detalhe, pois, as anedotas criadas são coisas
que poderiam de fato acontecer na vida de qualquer pessoa.
A questão é : por que, afinal, tais revistas fariam isso?
Qual o objetivo dessas publicações? A resposta, como explica
Liza, é atribuída à pressão do fechamento
das revistas, sempre atrelada a uma necessidade de se produzir algo chamativo
e bater recordes de vendas.
Porém, temos que levar em consideração que isso está
sendo tratado como jornalismo. Apesar de tais revistas estarem mais preocupadas
em entreter do que apresentar os mesmos temas abordados pelas revistas
semanais, essas publicações também fazem parte do
mundo jornalístico e informativo. As revistas femininas têm
um público amplo e diversificado, possuem alta credibilidade e
podem publicar matérias com um conteúdo mais interessante.
Afinal de contas, será que as mulheres só querem ler sobre
sexo? Será que isso é a única coisa relevante no
universo feminino? Ou será que assuntos como cuidados com a saúde,
política e cultura não interessam para as leitoras?
Muitos jornalistas afirmam que inventar histórias é algo
extremamente antiético e os deixariam profundamente frustrados
como profissionais, enquanto os editores garantem que não publicariam
uma reportagem inautêntica.
Mas a pergunta que fica é: o sexo nas revistas femininas é
verdade ou mentira?
*Matéria baseada no artigo"Faking it - Sex, Lies and Women's
Magazines", de Liza Featherstone, Columbia Journalism Review - March/April
2002
www.cjr.org/year/02/2/featherstone.asp
Tarcila Campanella
é estudante de jornalismo
Interprensa - www.interprensa.com.br
- Edição 56 -Ano VI - Abril 2002
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Atualmente,
as revistas femininas são as campeãs em um tipo de manchete:
segredos sexuais, como obter a atenção masculina, o que
ele pensa sobre você.....
Mas será que falam a verdade ?
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