Blanca Jordán de Urríes
Para entreter uma criança
com idade entre um e três anos não é preciso contratar
um palhaço, nem lhe comprar a loja de brinquedos em peso. O que
faz falta é ensinar-lhe a brincar.
NINGUÉM NASCE
SABENDO BRINCAR
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É algo que tu lhe tens
de ensinar. Precisa que tu lhe fales, lhe expliques o que pode fazer com
o comboio de trem, com as argolas...
Não podes limitar-te a tratar fisicamente da criança e depois
deixá-la entregue a si mesma: que ela se desembarace e se divirta.
Entretanto, continuas com os trabalhos domésticos ou sais de casa
deixando a criancinha na companhia de uma pessoa enfadonha, que não
faz a mais pequena idéia de como entreter os miúdos.
Por muito que te esforces por lhe comprares a boneca da moda, se não
lhe ensinares a brincar com ela acabará por se aborrecer e por
a deixar abandonada nalgum canto da casa.
Mas fazer isto não é assim tão difícil. Só
é preciso um pouco de vontade e de tempo da tua parte.
No dia do aniversário oferece-lhe um balde de legos para montar.
Se passares algum tempo, em dias alternados ou aos fins de semana, a manejar
as peças com o pequenito, ao fim de algum tempo será capaz
de passar horas com o brinquedo, muito divertido.
Se, pelo contrário, lho dás tal e qual como veio da loja
e nunca mais lhe ligas, acabarás por ter as peças todas
espalhadas num cesto de brinquedos a abarrotar, e a criatura aborrecidíssima,
agarrada às tuas saias e a pedir-te que lhe ligues a televisão,
enquanto tu, desesperada, te lamentas com o teu marido por teres gasto
o dinheiro naquele brinquedo, que acabou por ser posto de lado ao fim
de dois minutos.
"O meu filho de dois anos tem toda a espécie de brinquedos
e não se entretém com nada."
Este é um grande
erro: que a criança tenha à sua disposição
e ao seu alcance todos os brinquedos
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Rapidamente se fartará
deles e não brincará com nenhum.
É mais aconselhável deixar uns quantos à vista, como
elemento decorativo, para alegrar o quarto, e o resto guardá-los
à custódia da mãe. De quando em quando tiras da gaveta
um brinquedo, que o teu filho não via há três meses,
e julgará que é novo. Ensinas-lhe a brincar com ele e de
certeza que passa uns quantos dias divertidíssimo com a novidade,
que depois voltas a guardar para outra oportunidade.
Quais as vantagens desta forma de atuar?
- A criança está continuamente a receber novidades, somente
porque há rotação dos mesmos brinquedos.
- Poupas um dinheirão em bonecas e carrinhos novos. Ao guardá-los
durante uns tempos e depois fazê-los aparecer, parecem novos à
criança e a tua bolsa agradece.
Um programa educativo
A atividade lúdica é,
nos primeiros anos, praticamente o único meio de chegar à
criança, de te meteres na sua vida.
Podes educar a criança
através da brincadeira
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Podes mostrar-lhe comportamentos,
atitudes e virtudes que deve seguir. Não vejas nas brincadeiras
apenas um meio de entretenimento, mas também a melhor arma para
educar uma criança nos primeiros anos.
A atividade lúdica
serve tanto para entreter como para educar
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Deves conjugar numa só
atividade o entretenimento e a educação. O vosso filho assimilará,
da forma mais natural, simples e divertida, o princípio de que
há umas normas que têm de reger a sua vida. Se fazes da educação
um jogo durante os primeiros anos, não será difícil
à criança ser arrumada, obediente, carinhosa, etc., porque
assimilou tudo isso sem traumas, como num jogo.
As brincadeiras devem
estar sempre integradas num programa educativo
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Devem estar minuciosamente elaboradas
pelos pais. Deste modo, o jogo que ensinas ao teu filho não é
um jogo qualquer, mas sim um jogo cujo objetivo é desenvolver a
sua imaginação, a sua memória, obediência,
etc., passando uns momentos divertidos:
-· Se queres que seja arrumado, inventa o jogo "A ver quem
apanha tudo primeiro: a mãe ou o menino ?". Quem ganhar terá
um prêmio.
- Se queres desenvolver a sua imaginação, brinque com máscaras,
ou dê-lhe massa de modelar para que molde um boneco ou uma bola.
- Para que aprenda a preocupar-se com os outros, põe-no a cuidar
dos bonecos: que lhes dê banho, que os vista, que lhes dê
de comer...
- Quando fizeres doce, convida-a a ajudar-te. Aos poucos aprenderá
a gostar de cozinhar.
- Se der um pano de pó à pequenita de três anos, ficará
radiante por ir atrás de ti limpar o pó. Assim se habitua
a ter a casa limpa.
- Enquanto costuras, podes animá-la a fazer o mesmo com um trapinho,
e assim começará a gostar de costura.
- A partir dos dois anos e meio uma criança pode ficar encantada
por ter encargos. Sente-se muito importante e é uma maneira de
começar a dar-lhe responsabilidades.
- Habitua-a a escutar e a compreender os contos, para captar a sua atenção.
Uma criança a quem tenhas lido muitas histórias desde pequena,
não terá qualquer dificuldade, a partir dos dois anos e
meio, em escutá-los atentamente numa fita de gravador ou disco,
enquanto tu estiveres ocupada.
Se a criança já fala, podes pedir-lhe que vos conte. É
um bom método para que aprenda a memorizar e, mais tarde, para
compreender o que lê.
- Música: põe um disco e faz com que dance ao ritmo da melodia.
Pouco a pouco a criança irá educando o seu sentido musical.
- Ginástica: arranja um colchão velho e põe-no no
chão para que possa dar cambalhotas. Põe um sofá
no quarto do pequeno, onde possa saltar sem perigo e sem estragar nada.
É um modo de a habituar ao exercício físico, tão
saudável para o corpo.
- Casinhas: construa uma com os mais variados materiais, como almofadas,
caixas... Hás-de ver como se diverte voltando a fazê-la e
dando largas à sua imaginação.
- Trazer amiguinhos - melhor dito, os filhos das amigas da mãe
- para brincar em casa, ajuda-a a sociabilizar-se e a abrir o seu ego;
aprende a compartilhar.
- Jogos educativos, como puzzles (quebra-cabeças), são de
grande utilidade. Ajudam a criança a saber discorrer corretamente.
- Água: pode passar horas metendo e tirando bonecos de dentro de
água. É um modo de fazer com que goste de tomar banho em
casa, e depois, na piscina.
No início, o pai e a
mãe devem fazer estas coisas com o filho. Com o tempo, a criança
brincará sozinha.
As saídas diárias ao parque, enquanto não freqüenta
uma escola, são indispensáveis na vida da criança.
Toma contato com a natureza, faz exercício e relaciona-se com outros
meninos.
Aos fins-de-semana procura levar o teu filho para fora da cidade, para
o campo. Aos poucos ir-se-á habituando a amar a natureza. Mostra-lhe
as flores, as árvores, as plantas, o céu...
Regras de ouro para usar
os brinquedos
Dá-lhe os brinquedos
adequados à sua idade
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A criança deve aprender
a disfrutá-los.
"O avô, que tem uma loucura pelas suas netinhas de 1 e 3 anos,
dá-lhes uns presentes sofisticadíssimos. A mim faz-me imensa
pena. São uns brinquedos muito complicados e caríssimos,
que elas não sabem apreciar como o poderiam fazer dentro de alguns
anos".
- Evita oferecer prendas sem
qualquer motivo. Marca uma datas-chave (Natal, aniversário). A
criança espera ansiosamente a chegada desses dias.
- Não penses em comprar-lhe tudo o que lhe passa pela cabeça,
só para que a criança te deixe em paz. Explica-lhe que tem
de esperar pelos anos ou pelo Natal. Com o tempo acabará por entender
e deixará de ser caprichosa.
- Não faças um drama porque a criança estragou algum
brinquedo.
- Aconselha os avós e os outros parentes quando aos brinquedos
a dar ao pequeno. Assim podes evitar que receba ao mesmo tempo sete bonecos
e dez caminhões.
O jogo como norma de comportamento
Através do
jogo podes observar o comportamento da criança nos acontecimentos
de todos os dias
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É uma possibilidade de
corrigires os defeitos que possa ter.
- Uma criança que não
é capaz de brincar, é uma criança triste. Se reparas
que o teu filho não costuma brincar, investiga as razões
do seu comportamento. Certamente necessita de mais amor e carinho da tua
parte, para reafirmar a sua personalidade e começar a socializar-se.
- Uma criança que, quando brinca, quer tudo para ela, precisa que
os seus pais estejam atentos. Se não se habitua a saber compartilhar
logo desde pequena, pode chegar a tornar-se numa pessoa tremendamente
egoísta.
- A criança que, por sistema, estraga os brinquedos e que passa
o tempo no parque a zangar-se, a sujar a roupa e a magoar-se, é
com certeza uma criança com falta de atenção e de
carinho. Para chamar a atenção, por um lado, e por julgar
que os seus pais não se importam com o que lhe acontece, não
toma cuidado com ela, nem com as suas coisas.
- A criança que, pelo contrário, vai impecável para
o parque e regressa igualmente limpa, costuma querer dizer que em casa
são um bocado rigorosos com ela. Provavelmente em adulto será
insuportável quando vir um grãozinho de pó! Pobre
do seu cônjuge quando se casar...
- No meio é que está a virtude. Isto é, deixemos
que a criança se suje, sem ter por isso de se magoar ou de estragar
os brinquedos.
Do livro "Os
teus filhos de 1 a 3 anos", de Blanca Jordán de Urríes,
Coleção Fazer Família, Editora Rei dos Livros
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