Portal da Família
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A
MULHER NA VIDA SOCIAL DO MUNDO São Josemaría Escrivá * |
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Em primeiro lugar, parece-me oportuno não contrapor esses dois âmbitos. Tanto como na vida do homem, ainda que com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher: é evidente que a dedicação aos afazeres familiares representa uma grande função humana e cristã. Isto, porém, não exclui a possibilidade de uma ocupação em outros trabalhos profissionais - o do lar também o é - , em qualquer dos ofícios e empregos nobres que há na sociedade em que se vive. Logo se vê o que se quer dizer quando se equaciona o problema assim; contudo, eu penso que insistir na contraposição sistemática - mudando apenas a tônica - levaria facilmente, do ponto de vista social, a um equívoco maior do que aquele que se tenta corrigir, pois seria mais grave que a mulher abandonasse o seu trabalho em casa. No plano pessoal, também
não se pode afirmar unilateralmente que a mulher só fora
do lar alcança sua perfeição, como se o tempo dedicado
à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à
maturidade da sua personalidade. O lar - seja qual for, porque também
a mulher solteira deve ter um lar - é um âmbito particularmente
propício ao desenvolvimento da personalidade. A atenção
prestada à família será sempre para a mulher a sua
maior dignidade: no cuidado com o marido e os filhos ou, para falar em
termos mais gerais, no trabalho como que procura criar em torno de si
um ambiente acolhedor e formativo, a mulher realiza o que há de
mais insubstituível em sua missão e, por conseguinte, pode
atingir aí sua perfeição pessoal.
Desenvolvimento, maturidade, emancipação
da mulher, não devem significar uma pretensão de igualdade
- de uniformidade - com o homem, uma imitação do modo de
atuar masculino: isso seria um logro, seria uma perda para a mulher; não
porque ela seja mais, mas porque é diferente. Num plano essencial
- que deve ser objeto de reconhecimento jurídico, tanto no direito
civil como no eclesiástico -, aí, sim, pode-se falar de
igualdade de direitos, porque a mulher tem, exatamente como homem, a dignidade
de pessoa e de filha de Deus. Mas, partir dessa igualdade fundamental,
cada um deve atingir o que lhe é próprio; e, neste plano,
dizer emancipação é o mesmo que dizer possibilidade
real de desenvolver plenamente as virtualidades próprias: as que
têm em sua singularidade e as que tem como mulher. A igualdade perante
o direito, a igualdade de oportunidades em face da lei, não suprime,
antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza
para todos. A mulher está destinada a levar à
família, à sociedade civil, à Igreja, algo de característico,
que lhe é próprio e que só ela pode dar: sua delicada
ternura, sua generosidade incansável, seu amor pelo concreto, sua
agudeza de engenho, sua capacidade de intuição, sua piedade
profunda e simples, sua tenacidade... A feminilidade não é
autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição
insubstituível, e se não a insere na própria vida.
Para cumprir essa missão, a mulher tem
de desenvolver sua própria personalidade, sem se deixar levar por
um ingênuo espírito de imitação que - em geral
- a situaria facilmente num plano de inferioridade, impedindo-lhe a realização
das suas possibilidades mais originais. Se se forma bem, com autonomia
pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho,
a missão para que se sente chamada, seja qual for: sua vida e trabalho
serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, que
passe o dia dedicada ao marido e aos filhos, que se entregue plenamente
a outras tarefas, se renunciou ao casamento por alguma razão nobre.
Cada uma em seu próprio caminho, sendo fiel à vocação
humana e divina, pode realizar e realiza de fato a plenitude da personalidade
feminina. Não esquecemos que Santa Maria, Mãe de Deus e
Mãe dos homens, é não apenas modelo, mas também
prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente
sem relevo. Do livro "Questões atuais do Cristianismo",
2a. Edição, Editora Quadrante, São Paulo-SP . |
* São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), fundador do Opus Dei, foi canonizado, em Roma, no dia 6 de outubro de 2002. É autor, dentre outros, dos livros Caminho, Via Sacra, Sulco, Forja, É Cristo que passa e Amigos de Deus. Abriu novos caminhos de santidade na Igreja Católica, recordando que todos os homens e mulheres podem alcançar a santidade realizando o seu trabalho e as suas atividades quotidianas com espírito cristão.
"Enfrenta os problemas deste mundo
com sentido sobrenatural e de acordo com as normas morais, que não
ameaçam nem destroem a personalidade, antes a encaminham.
"Uma sociedade
moderna, democrática, tem que reconhecer à mulher o direito
de participar ativamente da vida política, cumprindo-lhe criar
as condições favoráveis para que exerçam esse
direito todas as que o desejarem."
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