avos e netos

Portal da Familia

SIME: Você sabe o que é ?

Carlos Brunetti

Esta nova síndrome se alastra por todo o mundo, e o Brasil parece ser um dos países mais afetados pela doença


Há cerca de 20 anos, tendo acabado recentemente o curso de Medicina e então cursando a residência médica, me espantava que alguns doentes, apesar de todos os esforços, morriam por infecções oportunistas sem portar as síndromes até então conhecidas que provocavam imunossupressão. Após um curto período, foi descoberta a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida, em inglês Aids, nome pelo qual é conhecida em grande parte do mundo), trazendo respostas a todos nós para aquelas dúvidas.

 

Como todos sabemos, muitas doenças surgem com características de epidemias e, depois de um certo tempo, tornam-se por vezes endêmicas. Desta maneira, gostaria de chamar a atenção do leitor para o possível aparecimento de uma nova Síndrome. Para tal, gostaria de lembrar alguns fatos mundiais e também aqui do nosso meio.

 

Todos se recordam do vexame provocado por um presidente dos Estados Unidos e suas peripécias com uma estagiária (poupo o leitor dos detalhes). Aqui no Brasil, a situação não é muito diferente, pois estamos atolados até o pescoço num lamaçal de escândalos de toda a natureza. O caso recente de uma ex-primeira dama (e, logo depois, uma pequena visita à delegacia por parte de seu filho), as frases relacionadas a alguns homens públicos, como o famoso bordão "rouba mas faz", os discursos difamatórios de dois dos mais importantes senadores da República e de outros tantos que conhecemos, tudo isso deixa de ser simplesmente uma total e desmesurada demonstração de falta de tudo, mas poderia ser o indício de que surgiu uma doença, não completamente nova, mas que assola gravemente o nosso País.

 

A doença que estou tentando descrever neste momento é a Síndrome da Inexistência de Moral e Ética, que batizei com a sigla Sime. Os seus sintomas são bem definidos e facilmente identificados, como a total ausência de valores humanos e morais. Valores e virtudes como honestidade, caridade, respeito, pudor, dignidade, justiça, sobriedade e compreensão não são encontrados nos indivíduos portadores desta Síndrome. E basta apenas a falta de um desses valores para que se inicie o quadro patológico. Da mesma maneira que não podemos encontrar uma mulher meio grávida, também não poderemos encontrar uma pessoa meio ou apenas um pouco honesta.

 

Já sabemos com as observações atuais que, a partir dos primeiros sintomas - caso estes não sejam extirpados por completo e logo no início -, os outros critérios passam a assumir e controlar o organismo do hospedeiro. Outra característica interessante dos doentes com Sime é a sua capacidade ampla, total e irrestrita de mentir friamente e com a cara lavada, "limpa" (fato este conhecido como wood face ou "cara de pau").

 

Em relação ao contágio, nota-se que a incidência de contaminados nos ambientes freqüentados pelos portadores desta moléstia é muito alto, demonstrando que a sua transmissão é feita pelo exemplo deletério de cada um. Como, infelizmente, os indivíduos portadores não ficam restritos àquele ambiente contaminado e entram em contato com suas famílias e amigos, rapidamente novos doentes vão aparecendo. Mesmo assim, alguns indivíduos não se infectam, mostrando que podemos desenvolver resistência à maldita enfermidade.

 

Urge portanto uma ação terapêutica, responsável por tratar estes indivíduos e isolá-los dos ambientes de contato. As formas de tratamento vão desde a não-reeleição e o afastamento definitivo do seu posto de trabalho até mesmo o seu confinamento e isolamento em "reformatórios", a fim de que sejam tratados - e quem sabe curados -, se é que conseguiremos este objetivo.

 

Outra forma de isolá-los seria lançando mão dos meios de comunicação. Caberia a estes setores bloquearem toda e qualquer forma de divulgação das idéias propagadas pelos doentes afetados pela Sime, estimulando o crescimento dos reais valores humanos e morais. Aliados a um sistema decente de educação do povo e apoiado pelos meios de comunicação, estaríamos realizando a melhor e mais eficiente fase de um tratamento: a profilaxia da doença.

 

Cabe a cada um de nós, imunes ou apenas ainda não contagiados, lutarmos para que o tratamento se inicie e seja ministrado quanto antes. Assim, ainda podemos mudar o curso natural da moléstia, salvar os doentes e devolver a todos os cidadãos o orgulho sadio de sermos BRASILEIROS (com maiúsculas).


Carlos Brunetti é Doutor em Medicina pela USP e responsável pelo Serviço de Colo-Proctologia e Cirurgia Laparoscópica do Hospital São José.


Fonte: INTERPRENSA - ANO IV - Número 36 - www.interprensa.com.br

www.interprensa.com.br Cabe a cada um de nós, imunes ou apenas ainda não contagiados, lutarmos para que o tratamento se inicie e seja ministrado quanto antes. Assim, ainda podemos mudar o curso natural da moléstia, salvar os doentes e devolver a todos os cidadãos o orgulho sadio de sermos BRASILEIROS (com maiúsculas).


www.interprensa.com.br





Divulgue esse artigo para outras famílias e amigos.
www.portaldafamilia.org