Escândalos contábeis: Legalidade x Ética |
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O economista Paul Krugman (International
Herald Tribune, 5/06/02) analisa os escândalos financeiros atuais
como sendo o resultado de transformar a avareza em critério de
administração de empresas: "Um sistema que retribui
maravilhosamente os seus diretores pelo sucesso tenta esses executivos,
que controlam a maioria da informação acessível a
terceiros, a fabricar a aparência de sucesso". "E não
estou falando de alguns ramos podres. As estatísticas dos últimos
cinco anos mostram uma importante divergência entre os lucros que
a companhias declarem aos investidores e outras medidas de crescimento
dos lucros. Este fato é um prova clara de que muitas das grandes
empresas, talvez a maioria, estavam alterando os números".
O discurso do presidente Bush, com a
proposta de penas mais severas para perseguir as fraudes e a contabilidade
alterada, teve uma boa repercussão na opinião pública,
que exige uma postura firme. Entretanto, alguns especialistas não
acreditam que isso baste para melhorar a honestidade empresarial.
David Skeek y William Stuntz, professores
de Direito das Universidades da Pensilvânia e de Harvard, respectivamente,
explicam porque não acreditam nesse ponto de vista: "A razão
é simples e, por sua vez, facilmente esquecida: as leis penais
fazem com que as pessoas se preocupem com o que é legal, em vez
de se preocupar com o que é ético". (The New Times,
10/07/02).
Os professores recordam que há
cem anos, a lei penal federal sobre fraude se limitava a algumas poucas
disposições. Hoje, "o código penal federal inclui
mais de trezentas disposições sobre fraude e falsidade contábil.
Com todo esse arsenal legal, deveríamos ter atingido um alto nível
ético empresarial. Mas temos de dizer que os fatos mostram uma
outra realidade. Talvez porque as questões morais foram transformadas
em questões de técnica jurídica. No mundo atual,
é mais provável que os executivos se preocupem com o que
é possível fazer do que com o que é justo e honesto".
"O resultado é que os que
atuam de modo reprovável eticamente se safam da punição
porque buscam modos originais de burlar a lei. Executivos honestos, ao
invés de concentrar-se em desempenhar o seu trabalho honestamente,
terminam copiando os mesmos truques legais dos executivos desonestos.
Essa é a conseqüência lógica de confiar exageradamente
na lei penal e pouco nas normas éticas". Fonte: INTERPRENSA - ANO VI - Número 60 - Agosto de 2002 - www.interprensa.com.br |
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