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Saber Ler a Moda

Mercedes Ezpeleta, ASMODA

Agora que estamos prestes a descobrir a moda primavera-verão e que parece que a febre das vendas caiu um pouco, é talvez o momento para se pensar com calma no fenômeno da moda.

Elaine St. James, uma ex-yuppie e ex super mulher norte americana reciclada, escreve em seu livro “Simplifique sua vida”... “Reduza suas peças de roupas, os acessórios, as grandes bolsas, os saltos altos e as unhas compridas”. Percebe-se que Elaine está longe de qualquer suspeita de ser uma destruidora do setor textil e da confecção. Ela encabeçou uma revolução social -a do “downshitting”- que também envolveu a moda dos finais dos anos 90. Não apenas pelo minimalismo dos “designs” de ponta, mas para que se mudassem os hábitos de compra das consumidoras de moda. O “vestir-se como nas revistas”, o ser floreiras andantes já é algo próprio da história.

A pessoa que está nas ruas, a que lê revistas, a que vê as passarelas na televisão, muitas vezes se pergunta: o que significa tudo isso? Miuccia Prada diz que acredita que as pessoas vão fazer compras inseguras e que necessitam de uma certa garantia, e que é difícil que elas sejam dependentes de si mesmas ou até o próprio designer. Bom, mas então quem nos dirá como não ser uma vítima da impertinente moda nem algo antigo e empoeirado? A resposta está dentro de nós, como a beleza da “Bela e a Fera”. Em nossa inteligência -emocional ou não, tanto faz- em nossa vida e no conhecimento de nós mesmas.

Porque a moda faz parte de nossas vidas. Não é uma jaqueta verde limão ou um body de Donna Karan; a moda é um estilo de vida, um nos vermos a nós mesmas e as outras pessoas e coisas que nos rodeiam de um modo ou de outro. E isto não é só questão externa, mas também interna.

Por isso é preciso aprender a ler a moda, é preciso saber que uma passarela, como disse Gaultier, não é uma obrigação, mas um convite. Que uma produção de moda de uma revista não é um espelho para se olhar, mas uma expressão artística de uma tendência concreta. Teríamos que extrair o essencial de tudo isto. Um exercício difícil, sem dúvida, mas que depois dos bombardeios de palavras e imagens a que somos submetidos cada vez que começa uma temporada, é relativamente fácil e até divertido.

Uma terapia perfeita antes de sair às compras:

Primeiro passo: responder a uma série de perguntas: que cores ou linhas predominam? Que correntes artísticas estão por trás dos designs? Em que época, livro ou personagem se inspiraram?

Segundo passo: Qual é minha forma de vida? Que obrigações tenho? Qual de todas as tendências ou sugestões que estão sob as propostas dos designers está de acordo com a minha vida?

Terceiro passo : Como eu sou? Por dentro e por fora. Com coragem e sem medo, sem me tornar obcecada pelos tamanhos, mas que devo ser consciente do que combina com minha figura e com meu estilo de vida.

Quarto passo: Definitivamente, qual é meu estilo? Que aparência eu gosto de ter? Como me sinto segura? É preciso não esquecer que a maioria das lojas vendem roupas, não estilo. E somos nós as consumidoras que “mandamos” em nós mesmas. Seguindo todos estes passos teremos aprendido um pouco mais sobre o que é a moda, teremos feito o esforço de procurar este lado artístico, criativo, filosófico das tendências de cada temporada e teremos nos divertido. Já podemos sair à rua ou ficar em casa refazendo nosso armário para a próxima primavera.


Fonte: Mujer Nueva - www.mujernueva.org

Publicado no Portal da Família em 28/09/2013

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