Portal da Família
|
||||||||||||||||||||||||||||
|
O verdadeiro líder é uma das mais
simples pessoas da equipe. Porque ele tem assegurada sua auto-estima, sua
auto-confiança, sua paz interior e por isso não tem a menor
necessidade de fazer alarde daquilo que o mundo corporativo chama de poder. |
|
Conta a parábola que um viajante procurou abrigar-se de uma tempestade numa casa que lhe pareceu a mais apresentável numa distante cidade do Oriente. Foi muito bem recebido pelo dono da casa, mas logo sentiu uma pontada de frustração ao perceber que a casa era inteiramente vazia: nenhum móvel, cadeira, mesa, nada. Sentado no chão, depois de descansar alguns minutos, nosso viajante não se conteve e comentou: - Agradeço muito sua hospitalidade, mas permita-me
uma observação. Como o senhor consegue viver numa casa totalmente
desguarnecida de móveis, quadros, eletrodomésticos
enfim, do conforto ao qual estamos todos habituados? O anfitrião não pareceu aborrecer-se
com a observação do viajante apenas retrucou: Calmamente o anfitrião respondeu: O que acho legal nessa parábola é a
maneira simples e direta pela qual ela nos mostra a futilidade do apego
aos símbolos materiais, tão comum na nossa sociedade atual,
em que a aparência, a ostentação e os bens financeiros
têm sido critérios de avaliação mais importantes
que caráter, bondade, moral e educação para
citar apenas alguns exemplos. A futilidade desse apego fica mais evidente na parábola
quando somos levados a refletir que estamos todos aqui na Terra de passagem
e nenhuma daquelas riquezas é aproveitável para além
desta vida. A interpretação dessa analogia é
óbvia: todo poder, por maior que seja e independente da sua natureza
e forma, é efêmero e passageiro. Deslumbrar-se ou deixar-se
embriagar pelas aparências ou pelos valores materiais das coisas
é no mínimo mostrar indiferença aos valores realmente
essenciais para a dignidade, a paz e a felicidade da raça humana
nesta viagem transitória. O que tais comentários tem a ver com as empresas,
com o trabalho? Aquela parábola me faz lembrar de uma certa
categoria de gestores organizacionais que se deixa embriagar pelo poder
da autoridade hierárquica para cometer desmandos e injustiças
contra seus colaboradores no trabalho e às vezes até
contra a comunidade onde atua. Esse poder hierárquico é
tão efêmero e passageiro, que um individuo pode possui-lo
e perdê-lo dezenas de vezes durante sua trajetória profissional.
E essa constatação atinge a todos: a imprensa vem anunciando
com freqüência a rotatividade de altos executivos, alguns tão
poderosos quanto arrogantes, que até então pareciam inatingíveis.
Com o tombo, às vezes o sujeito aprende a lição,
outras vezes nem se dá conta de que não é o mundo
que está errado ou que não o compreende mas ele próprio
é quem está necessitando de uma faxina comportamental
e às vezes até emocional. Certamente o leitor conhece profissionais que já
exerceram cargos gerenciais em várias empresas, já saíram
delas e continuam jogando da mesma maneira, cometendo pênalti
e faltas contra o próprio time, nem sempre punidos
pelo juiz o chefe imediato. É incontável a quantidade de executivos
que, demitidos, deixam uma péssima imagem, uma fama de grosseiros,
arrogantes, injustos. O que me leva a perguntar: o que leva um profissional
a sentir prazer em provocar, medo, raiva e tristeza na equipe? Se não
tem prazer, pelo menos demonstra não dar a menor importância
aos sentimentos alheios. Ou seja: é, no mínimo, um egocêntrico,
incapaz de praticar a empatia e a tolerância. Mal sabem esses que o verdadeiro poder está
na simplicidade. O verdadeiro líder é uma das mais
simples pessoas da equipe. Porque ele tem assegurada sua auto-estima,
sua auto-confiança, sua paz interior e por isso não tem
a menor necessidade de fazer alarde daquilo que o mundo corporativo chama
de poder. Essa simplicidade cativa a equipe e a conduz ao comprometimento,
diante do contexto de harmonia e respeito que é criado. Como é admirável o líder que
não perde o coração por causa do poder! Como é
louvável o líder que usa a força do seu poder para
produzir e transmitir paz, confiança, bom humor e felicidade dentro
da sua organização sem o menor prejuízo à
capacidade produtiva da mesma! E é claro que estes existem
eu mesmo desfruto da amizade de alguns deles. Tenho certeza de que o leitor também conhece
presidentes de empresas vencedores - que cumprimentam do porteiro
ao vice, com a mesma espontaneidade, simplicidade e entusiasmo, sem que
com isso percam um milímetro da sua autoridade. Pelo contrario,
ganham em afeto, admiração e respeito. E mesmo em níveis
hierárquicos menores diretores, gerentes, chefes, supervisores,
encarregados aos quais se aplicam os mesmos conceitos, há
aqueles que igualmente tratam o próximo com a simplicidade dos
vencedores, dos verdadeiramente poderosos, dos que têm a serena
certeza da sua importância, da sua competência e da sua missão.
Claro, há os outros infelizmente em
maioria, até. Justamente por isso o mundo corporativo anda tão
conturbado. Mas eu não tenho a menor dúvida
de que a simplicidade vencerá e a muito curto prazo.
Cada vez mais sou chamado por empresas para falar sobre o gerenciamento
de resultados e sentimentos. Ah, e com que prazer eu o faço! Pena
que eu não consiga operar milagres e produzir transformações
comportamentais com a velocidade que gostaria. Mas bem que eu tento: diariamente
peço inspiração ao único guru que conheço
e que, na Sua breve passagem pela Terra, deixou como exemplo o mais eficaz
e duradouro modelo de uso do poder e simplicidade que a História
já conheceu. (*) Floriano
Serra é psicólogo, palestrante e consultor de empresas
na área comportamental e presidente do IPAT -Instituto Paulista
de Análise Transacional (www.ipat.com.br)
e da SOMMA4 Desenvolvimento Pessoal e Organizacional. |
Floriano Serra
|
Divulgue este artigo para outras famílias e amigos.
Inscreva-se no nosso Boletim Eletrônico e seja informado por email sobre as novidades do Portal
www.portaldafamilia.org