Portal da Família
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Ação
cultural com os netos Oliveros F. Otero - José Altarejos |
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Uma ação cultural dos avós com os netos supõe, por princípio, boas relações familiares, e uma grande compreensão. Considerando que se promove uma cultura própria em cada uma das famílias que se entrecruzam na vida de um avô, este deve ser compreensivo com as incidências culturais de outras famílias nas famílias recém fundadas de seus filhos. Mas isso não deve impedi-lo de contribuir com o melhor das heranças espirituais, culturais, recebidas de seus ascendentes. A presença histórica dos melhores êxitos de seus antepassados em cada nova geração dessa família depende, fundamentalmente, dos avós jovens. E que podem fazer a este respeito? Conservar e transmitir essas heranças. São recebidas e conservadas, mediante a recordação, as oportunas anotações escritas, procurando ou perguntando a outras pessoas mais velhas, etc. São transmitidas verbalmente, e em alguns casos por escrito. São transmitidas, dizíamos, por um lado, em geral ou a qualquer membro da família extensa (genros, sobrinhos, etc...); por outro, especialmente aos netos, no caso de que possam encontrar-se, com alguma freqüência, avós e netos. Certamente, existem muitas possibilidades em cada situação familiar, tanto no caso de uma convivência habitual, como de encontros somente em férias. Uma dificuldade importante: a daquelas famílias nas quais nada se conserva de gerações anteriores; aquelas nas quais falta a história da família - lamentavelmente em muitas -. Nelas, nada se pode transmitir se nada se conserva. Então, os avós jovens, como primeiros responsáveis pela conservação e transmissão da herança cultural de sua família, parece que nada têm a fazer. Apenas lhes resta iniciar essas heranças e transmiti-las, especialmente a seus netos, porque essa transmissão costuma ocorrer de duas em duas gerações. Por isso, quando alguém, tratando de temas profundos, cita algum familiar, costuma referir-se a seus avós: "Como dizia meu avô..." Em qualquer caso, tanto para iniciar o que será, a seu tempo, uma herança familiar imaterial como para transmiti-la, é preciso ser uma pessoa culta. Espera-se, pois, dos avós, que sejam pessoas cultas. Isto é, homens e mulheres que continuam cultivando sua terra humana em seus três jardins: Inteligência, Vontade e Coração. Tivemos oportunidades de tratar com analfabetos que eram pessoas cultas: sabiam pensar e sabiam querer. Sua limitação era somente esta: não sabiam ler, não sabiam alimentar seu pensamento com leituras. Para um avô culto, o importante é ter tempo para pensar por amor, desejando o bem para os demais, e querendo que sejam melhores. A pessoa culta é aquela que sabe e saboreia, porque o que sabe é luz para sua inteligência e é alimento para seu coração. Por isso, um avô jovem necessita saber, mas - se apenas sabe, mesmo que saiba muito, e isso não o leva a viver melhor (um bem viver que não se reduz a bem estar) e a servir melhor, não é culto. E se apenas vive, ainda que tenha vivido muito, sem saber por que, para que, e como se vive, saturando de sabedoria seu próprio viver, tampouco é culto. Trata-se de não separar os dois termos
inseparáveis do binômio saber-viver. Isto é o comum
do avô culto. Em particular, encontramos grandes diferenças
de cultura entre uns e outros avós jovens, por razões diversas
- familiares, profissionais, sociais, etc. De seu modo de viver, de conviver,
de trabalhar, de sua preparação em diferentes setores da
vida, de sua capacidade de superação, etc., resultará
uma doação cultural diferente. E esta doação
- a que resulta, em cada biografia pessoal de avô - é a que
deve colocar a serviço de sua família extensa; de seus netos,
sobretudo.
Na hora da verdade, quando os pais dos de dois e cinco anos - que vivem em Belo Horizonte, isto é, um pouco distante - deixam-nos quinze dias, aqui em Campinas, quem cuida deles é sua mulher. Ele apenas brinca com os netos. Elvira é a que carrega o peso. Armando, além de brincar, lê estórias para eles. E de que brincam? Com a neta de cinco anos joga damas. Ela gosta muito. E joga bem melhor do que podemos imaginar - esclarece Armando. Ele tem em uma gaveta de seu escritório três brinquedos didáticos: um de argolas, outro de caixas, outro de pirâmides. Quando seus netos vêm visitá-los, pegam estes brinquedos e brincam. E não vão embora até que eles os guardem. Deste modo, fomenta a ordem característica destas idades: cada coisa em seu lugar. Sua filha, a mãe destas crianças, faz coisas semelhantes: manter em uma estante baixa cinco ou seis brinquedos ordenados, e sabem que podem pegar um para brincar, e se querem outro, devem deixar o primeiro em seu lugar. Que mais faz este avô com seus jovens netos? Elogia-lhes no que fazem bem. Por exemplo, quando comem. Nunca os repreende; apenas elogia o bom. Ação cultural? Não pensou nisso. Não sabe o que poderia fazer. Heranças espirituais que ele recebeu? A fé. E isso lhes transmite. Por exemplo, antes que durmam: "lembrou-se de rezar?", "Então, vamos rezar?" E a história de sua família? Até que século...? Esta pergunta costuma provocar sorrisos, porque quase ninguém conserva dados de sua história familiar. Armando surpreende nisto, como em outras coisas: pelo lado materno tem dados de aniversários, casamentos e falecimentos, desde 1520, aproximadamente - a anotação de nascimentos nas paróquias começa nessas datas - esclarece. Graças a este trabalho pode contactar muitos parentes seus. Mas não apenas isso: Armando conta longas e intermináveis histórias de alguns antepassados, com anedotas. Dos anos setenta, conserva, gravadas, as histórias contadas por seus pais e seus sogros. Armando detecta agora muitas falhas na educação de seus filhos. Crê que não o fez bem. Entretanto, seus cinco filhos se saíram bem. Nenhum vive com eles. Os dois mais velhos estão casados e têm filhos. O mais velho mora em Porto Alegre. Com estes se vêem pouco. Duas vezes ao ano eles vão a Curitiba; duas vezes, vêm o casal (e o neto, claro) a Campinas. Outro filho acaba de casar-se. Os outros estão espalhados por aí, sem problemas de colocação. A família fundada por Armando e Elvira está agora ao final da sexta etapa de desenvolvimento, a da plataforma de colocação. Antes dos sessenta anos - e aos trinta e três de casamento - estão inaugurando a sétima, a do ninho vazio, mas vazio apenas esporadicamente. Os cinco irmãos - nascidos entre 1958 e
1965 - estão, agora, extraordinariamente bem, sem aqueles pequenos
atritos, discussões, etc., típicos de determinadas idades.
Todos eles estão preocupados em ser família. Qualquer sucesso
é festejado por todos; cumprimentam, conversam por telefone. Além
disso, traz de cada viagem um filme, como a melhor recordação
do país visitado. Assim termina o caso. Não queríamos
acrescentar nada a respeito de seu conteúdo, como análise.
Preferimos que o leitor tire suas próprias conclusões, ou
que discuta o tema reunido com outros avós jovens. Ou com alguns
membros de sua família. É mais uma das múltiplas
e variadas experiências de avós recém estreados. E,
sem dúvida, pode inspirar atuações de ação
cultural. Por outro lado, cabe advertir a influência da própria
cultura e profissão do jovem avô, e, naturalmente, da trajetória
vital dos mais velhos, assim como de sua iniciativa na escolha de produtos
culturais que sirvam para incrementar as heranças espirituais de
uma determinada família. Como exemplo da ação cultural
dos avós com seus netos podemos citar: contar-lhes histórias
verdadeiras, da família; ver fotos familiares e comentar anedotas;
ver filmes e vídeos relacionados com a família; contar-lhes
viagens feitas com seus pais quando eram pequenos; contar-lhes alguma
história exemplar de seus pais; estudar catequese com eles periodicamente,
com a permissão de seus pais; contar-lhes biografias exemplares,
etc.; levá-los para visitar museus e dar explicações;
levá-los para ver a parte artística e antiga da cidade e
descrevê-la, etc. AVÓS: USEM A IMAGINAÇÃO E
FALEM BASTANTE COM OS NETOS
"Os Avós Jovens", Oliveros F.
Otero - José Altarejos Texto traduzido e ampliado pelo IDE (Instituto de Desenvolvimento da Educação) |
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