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Gaudí, o arquiteto da natureza

Alberto Fijo

O ano de 2002, 150º ano de nascimento de Antoni Gaudí (1852-1926), foi escolhido para celebrar o Ano Internacional Gaudí. Ocorreram exposições, conferências, novidades editoriais, visitas monitoradas, espetáculos em alguns lugares gaudianos, séries de desenhos animados, peças de teatro, óperas.

"Queira Deus que o Ano Gaudí termine o quanto antes". O comentário bem-humorado é compartilhado por dois dos mais reconhecidos especialistas em Gaudí, os arquitetos Joan Bassegoda e Jordi Bonet. Titular da Real Cátedra Gaudí e arquiteto-diretor da Comissão construtora da Sagrada Família, respectivamente. Bassegoda e Bonet, não estão dando conta das inúmeras solicitações: uma televisão japonesa, uma entrevista de um jornal norueguês, um debate em Madrid, uma conferência em Taipei, uma visita monitorada para um grupo de arquitetos canadenses... Se habitualmente as obras de Gaudí em Barcelona recebem mais de 1 milhão e meio de visitantes, este ano são esperados 4 milhões.

Recentemente, em um debate organizado pelo Colégio de arquitetos de Madrid, Joan Bassegoda afirmou que "o segredo da sedução da arquitetura de Gaudí está em que ele buscou as soluções técnicas das suas construções diretamente na natureza. Por isso Gaudí está sempre na moda, não cansa, continua a ser admirado. A reação das crianças perante as obras de Gaudí chama a atenção, pois percebem uma natureza que parece estar viva. Sentem-se cativados. Quem sabe a sua arquitetura está fora do tempo e resiste a ser classificada dentro de uma tendência ou escola concretas, porque não teve como objetivo fazer arte, mas projetar formas funcionais e úteis".

Le Corbusier, que visitou Barcelona em 1928, escreveu sobre Gaudí, especialmente impressionado pelo teto das Escolas da Sagrada Família: "Esse homem faz o que quer com a pedra, com um controle fantástico das estruturas. Entre os homens da sua geração, é o que têm maior força arquitetônica".

Lição da natureza

Ao longo de sua carreira, Gaudí parece ter aprendido as lições da natureza à maneira franciscana: se o arquiteto busca a funcionalidade em suas obras, acabará encontrando a beleza. Se busca diretamente a beleza, conseguirá encontrar a teoria da arte, a estética ou a filosofia, idéias abstratas pelas quais Gaudí nunca se interessou.

"Gaudí - afirma Bassegoda - observou que muitas das estruturas naturais estão compostas de materiais fibrosos, como a madeira, os ossos, os músculos ou os tendões. Do ponto de vista geométrico, as fibras são linhas retas e as superfícies curvas no espaço compostas de linhas retas definem uma geometria com base em regras, centrada somente em quatro superfícies distintas: a helicóide, a hiperbolóide, a conóide e parabolóide hiperbólica. Gaudí viu essas superfícies na natureza e as transportou para a arquitetura".

Jordi Bonet, atual arquiteto da Sagrada Família e presidente da Academia de Belas Artes de Sant Jordi, somente está certo de que as obras do templo, visitado em 2001 por 1 milhão e 600 mil pessoas, não serão concluídas por ele. Sente a responsabilidade de continuar a obra-prima de Gaudí para ser fiel às suas idéias. Mesmo assim, afirmou que "Gaudí queria que sua obra fosse continuada por outros de acordo com o que ele imaginava e penso que seu desejo deve ser respeitado".

Em relação ao estado atual das obras da Sagrada Família, Bonet ressalta que até o final deste ano serão terminados 200 metros quadrados do templo, de tal modo que possa ser apresentado aos visitantes como havia sido pensado por Gaudí. "Ainda que se completem os 200 metros dos 5 mil totais, nossa opinião é que as pessoas vão gostar de ver esse exemplo do que será todo o templo no futuro". Atualmente, 50% do templo já está construído: "Nosso sonho é que para a comemoração dos 125 anos de colocação da pedra fundamental, em 2007, estejam finalizadas as abóbadas do templo, e assim se tenha a impressão de que está terminado interiormente".

Gaudí rumo aos altares

A Congregação para a Causa dos Santos, a pedido do cardeal Carles, arcebispo de Barcelona, autorizou a abertura da causa de beatificação do arquiteto em março de 2000. Em 12 de abril foi constituído o tribunal. Carles nomeou o atual pároco da Sagrada Família, Luís Bonet, irmão do arquiteto que dirige a continuação das obras do templo, como postulador da causa.

A iniciativa da beatificação partiu de um grupo de cinco amigos encabeçados por um jovem arquiteto e professor de desenho, José Manuel Almuzara. Os amigos formaram uma associação para a beatificação do arquiteto, que seria o primeiro a subir aos altares. Faziam também parte da associação Josep M. Tarragona, engenheiro e biógrafo de Gaudí, o arquiteto Javier Fransitorra, o sacerdote Ignasi Segarra e o escultor japonês Etsuro Sotoo. Este último, além de trabalhar durante anos na Sagrada Família e conhecer a obra de Gaudí, converteu-se ao catolicismo.

Alguns dados biográficos

Antoni Plàcid Guillem Gaudí Cornet nasceu em 25 de junho de 1852, na província de Tarragona. Desde pequeno Gaudí teve problemas reumáticos que o acompanharam durante toda a vida e na infância o impediam de brincar com as outras crianças.

Para poder pagar seus estudos, o pai teve que vender uma propriedade da família e Gaudí trabalhou com alguns mestres de obras em Barcelona. Como estudante, seus primeiros trabalhos foram como desenhista, participando no abside e no camarim da Igreja do mosteiro de Montserrat.

O início da obra da Sagrada Família foi dirigido por Francisco de Paula Dei Vìllar, antigo professor de Gaudí, que se ofereceu para, voluntariamente, implementar as idéias de Josep Bocabella, fundador da Associação dos Devotos de São José. Em 1883, Gaudí já dirigia oficialmente as obras e a ela dedicou 43 anos da sua vida.

Em 1910 (aos 58 anos), Gaudí alcançou o auge de sua fama, chamando a atenção de alguns norte-americanos que o encarregaram do projeto de um hotel em Nova York. No mesmo ano foi realizada uma exposição no Grand Palais de Paris.

O arquiteto espanhol morreu aos 74 anos vítima de um atropelamento. Taxistas que passavam no local se recusaram a levá-lo a um hospital porque pensavam se tratar de um mendigo. Nos últimos anos de sua vida, Gaudí não cuidava de sua aparência e evitava o contato com os jornalistas, motivo pelo qual há poucas fotos do arquiteto. Seu corpo está enterrado na cripta da Sagrada Família.

Principais obras: Templo Expiatório da Sagrada Família, Casa Milá ("La Pedrera"), Palau Güell.

Mais informações sobre Gaudí: www.gaudiclub.com

Texto adaptado do artigo do jornalista Alberto Fijo, publicado no jornal Interprensa - Ano VI - Número 60 - Agosto de 2002

 

 

Palacio Episcopal de Astorga

Detalhes do Templo Expiatório da Sagrada Família

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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