Portal da Família
|
||||||||||||||||||||||||||||
|
Desenho,
Pintura e Modelagem Irene B. Crofoot |
|
Os adultos, antes de tentarem avaliar uma experiência artística de uma criança, devem procurar compreender esta, pois aquilo que ela cria é uma expressão do que pensa ou do que sente. Eles costumam julgar as expressões artísticas infantis de acordo com os seus padrões de arte de adultos. A criança tem, no entanto, sua maneira pessoal de exprimir idéias. Como ainda não chegou a concepções claras das coisas que a cercam, suas expressões de arte podem não ter sentido para os que já pararam de crescer. Estes devem olhar mais de perto para a natureza da criança, para melhor poderem compreender a arte infantil. Se os adultos pudessem entender o que as crianças sentem a respeito do mundo que é delas, iriam entendê-las melhor. Infelizmente, isto é difícil. A criança de quatro ou cinco anos vive em um mundo que, a todo momento, a desafia com algo desconhecido. Cada dia traz alguma coisa nova e interessante para sua vida: um formigueiro, urna tempestade, a mudança das estações etc. Seu ponto de vista e sua reação são inteiramente diferentes daqueles do adulto. A criança forma novas idéias a respeito do mundo através dos sentidos da audição, da visão, do gosto, do olfato e do tato. As idéias assim obtidas são dela, porque lhe advêm da experiência direta. Freqüentemente os adultos lhe oferecem informações, antes que ela esteja em condições de recebê-las. Tentam dizer-lhe como sentem o verão; dizem que o dia está quente e desagradável. Chamam sua atenção para a beleza que vêem na natureza. É preciso ajudar a criança a perceber melhor a beleza que existe à sua volta, mas os adultos não devem tentar passar-lhe à força sua concepção de beleza. Pode ser que ela veja beleza em vermes rastejantes e cobras enrodilhadas, objetos considerados feios por muitos adultos. Enquanto isto, coisas que os grandes acham bonitas, podem estar acima de sua experiência para poder apreciá-las. A fim de aumentar seu patrimônio de informações, a criança faz explorações e experimentações. Ela é mais sensível que o adulto comum e vê muito do que a ele passa despercebido, porque freqüentemente está absorvido demais nos seus pensamentos para ver as coisas simples ao seu redor. Ela gosta de pegar objetos e se delicia ao sentir o tato das superfícies macias ou ásperas. Passa seus dedinhos sujos no casaquinho de angorá da mamãe e no veludo lustroso das almofadas. Gosta de sons diferentes; escuta a água a ferver, gosta da chuva batendo na vidraça, fabrica palavras com sons esquisitos e anda repetindo rimas, pelo mero prazer de ouvir sons. Assim, a criança, ao contrário do adulto, está sintonizada com o mundo que a cerca, recebendo constantemente toda sorte de sensações elementares. Entusiasma-se por coisas simples; interessa-se por coisas que os adultos consideram comuns e banais. A criança pode ser comparada, pois, a um artista, porque um artista verdadeiramente criador tem essas mesmas qualidades de percepção. A criança que tem saúde e vive em um ambiente que lhe traz satisfações é natural, alegre e espontânea. Dramatiza a vida que vê: é um cavalo que galopa, um aeroplano que passa roncando por sobre as nuvens, uma locomotiva resfolegante etc. Pode passar rapidamente do riso às lágrimas. Suas emoções são mais naturais e menos reprimidas que as dos adultos. A sociedade a obriga a adotar certas convenções, roubando-lhe sua naturalidade primitiva. Irene B. Crofoot, em The Child's Treasury. Tradução
de Ethel Bauzer, Coleção "O Mundo da Criança",
Editora Delta, Rio de Janeiro. |
A criança implora - e ela precisa disto - uma oportunidade de ver, ouvir, cheirar, tocar, ou sentir o gosto de todas as coisas fascinantes que encontra neste mundo.
|
Divulgue este artigo para outras famílias e amigos.
Inscreva-se no nosso Boletim Eletrônico e seja informado por email sobre as novidades do Portal
www.portaldafamilia.org