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A Magia dos Poemas

Sérgio Simka

 
"O poema não é a forma literária, mas o lugar de encontro entre a poesia e o homem." (Octavio Paz)

Muitos de nós passamos pela experiência de termos anotado um poema porque fomos atingidos emocionalmente por ele, ou seja, sentimos uma espécie de atração tão forte que nos levou à tarefa de lê-lo e copiá-lo (e quem sabe usá-lo numa cartinha de amor à namorada).

Em outras palavras, o que há de misterioso num poema a ponto de exclamarmos, admirados: "Que belo!", "Que obra-prima!", "Quanta poesia existe nesse poema!", "Gostaria de ter escrito isso antes!"?

A resposta converge para a magia do poema em si, no qual a palavra é a chave que desvenda a essência imaterial do ato da criação. A resposta está na magia - portanto, precisamos nos constituir como mágicos para entrar nesse mundo de criatividade e encantamento, por meio do qual atingimos dimensões que nos levam a revitalizar sentimentos, a exercitar plenamente a sensibilidade, a desengessar a espontaneidade artística, a recriar realidades, a reanimar sentidos, a tecer novas significações e ressignificar outras, enfim, tudo isso nos leva a sermos.

Se somos é porque, na essência, somos também poetas, somos criadores, e na leitura do poema nos vemos, nos recriamos, nos revelamos, numa revelação de sentimentos e idealizações, numa expressão de cognoscibilidade, ao nos expressarmos por associações imagéticas num universo de imaginabilidade cujo limite é infinitizar-se. "Um poema não deve significar. Mas ser" - sentencia o poeta norte-americano Archibald Macleish.

Precisamos submergir o cotidiano de magia, a começar pelas nossas salas de aula. A poesia está em toda parte e pode ser retirada das coisas, como ilustra o Poema de Oswald de Andrade:

"Há poesia
na flor
na dor
no beija-flor
no elevador."

A matéria-prima está onde os olhos do poeta estão. Pois o olhar do poeta é o vetor do poema. Assim, tornemo-nos mágicos, tornemo-nos poetas, leiamos poemas, façamos poemas, pois "qualquer hora é hora de fazer um poema", como queria a escritora norte-americana Gertrude Stein.
Assim, deixo a minha contribuição:

POESIA É DOR

Poesia é emoção, arte, coração
Transcende por vezes a indigência
da própria e mesquinha sobrevivência
Que parece um trem que apita
anunciando: a curva já vem
O túnel, verdade, já passou
O abismo nele nos encontramos.
Poesia é o pão do poeta
Ele, sim, escreve o próprio destino
Ele que ri da própria dor
Ele que chora sorrindo
Que graceja da própria sobrevivência
Que parece um trem que apita
anunciando: a curva já vem
O túnel comprido e escuro não passou
O abismo nele o poeta se encontra
escrevendo a própria felicidade
que ficou lá trás.


Texto publicado na edição de n. 77 (fevereiro de 2005) da revista Ensino Superior.

Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires e na Universidade do Grande ABC. Autor, com Iara Cristina de Fátima Mola, do livro A história de professores singulares (Editora UniABC).
Seu site: www.sergiosimka.com

 





 

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