Portal da Família
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Uma obra escrita a quatro mãos |
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Wellen de Barros |
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Uma releitura ao estilo verdiano sobre a tradicional dramaticidade teatral inglesa resulta num duelo entre o bem e o mal, onde poder, traição e culpa formam um tripé para forjar o destino de um homem. O compositor italiano Giuseppe Verdi, não se contenta em apenas “musicar” um libreto - Verdi vislumbra no texto de Shakeaspeare uma nova vertente musical no modo de compor, até então, não explorado. Paixões e conflitos capazes de provocar no ouvinte - espectador uma observação de continuidade entre dramaturgia teatral e estilo musical operístico, com libreto de Francesco Maria Piave. É o músico que ousa reescrever por notas musicais a densidade literária textual elizabetana, “criando” o seu próprio Macbeth, ao estilo verdiano de privilegiar no canto o teor dramático de suas personagens. Esta a razão de se dizer comumente – voz verdiana . A voz na obra de Verdi possui uma característica peculiar - é ela a verdadeira protagonista, pois a ênfase declamatória dada a seus personagens proporciona uma nova busca em profundidade dos sentimentos. O timbre justificado por um acompanhamento musical sombrio e misterioso o conduz na criação de determinada personalidade composta para determinada situação. No prelúdio, a agonia da personagem “principal” Lady Macbeth, denota o principal tema de toda trama, seguida de suspense e sedução sem abandonar a atmosfera romântica. Seria o começo do tão almejado PODER? Macbeth, preconiza na figura das bruxas, a consciência “deformada” de um general de exército do Rei Duncan, da Escócia. Macbeth é saudado pelas bruxas como: Senhor de Glamis, Senhor de Cawdor e Rei da Escócia. “ Nel di della vittória io le incontrai... stupito io n'era per le udite cose, quando i nunzi Del re mi salutaro sir di caudore; vaticínio uscito dalle veggenti stresse Che predissero um serto al capo mio. Racchiude in cor questo segreto. Addio”. Uma personagem feminina de “força inquebrantável” conduz o destino de uma mente frágil entregue às suas paixões. O senso patriótico de Verdi permace em meio à tanta dor enquanto surge “Patria Oppressa”- como aconteceu outrora em Nabucodonosor – “Vá pensiero”. Pátria oprimida, por sofrer tanta desigualdade, na qual os filhos arrasados pela miséria não suportam mais o dissabor da TRAIÇÃO de um poder corrupto. ”Patria opressa il doce nome no, di madre aver non puoi, or che tutta a ‘ filgi tui sei conversa in un avel...”. É o apelo sutil no reconhecimento sensível do próprio artista que deduz da iniqüidade, lamento e dor. Lamento e dor de um povo cuja história é cruelmente aviltada Ao final de toda trama sanguinolenta, a bravura feminina de Lady Macbeth dá lugar ao arrependimento e CULPA. Em sua ária “Una macchia è que tuttora” (Tenho aqui uma mancha sempre) vitimada pela demência é o relato do auto assombro que se faz gigantesco por todo estrago causado numa busca incessante da ganância. Um homem que se reconhece fraco e irresponsável. -“Infeliz de mim, que fiei nos presságios do inferno! Todo o sangue que verti está a gritar contra mim perante o Eterno!...morro sendo inimigo do céu e do mundo. Vil coroa!... E apenas por ti! |
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Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com). E-mail: wellenmbarros@gmail.com |
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