Portal da Família
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Aids no Brasil: lutando contra o óbvio |
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Eduardo Gama |
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O Ministério da Saúde do Brasil acaba de anunciar que não aceitará U$ 40 milhões que seriam dados pela Agência Norte-Americana de Desenvolvimento Internacional (Usaid) para a prevenção da Aids. O coordenador do programa de DST-Aids, Pedro Chequer, considerou a proposta norte-americana uma "afrontaà nossa política" (10/03/06 - aids.gov.br). Qual a afronta dos Estados Unidos? O projeto da Usaid, ainda de acordo com o site do Ministério, previa duas ações: uma, para jovens trabalhadores e outra para adolescentes, estimulando a abstinência e a fidelidade e, em último caso, preservativo. Chequer declarou que "para o Brasil, a única forma inquestionável de prevenção contra a aids é o uso do preservativo." O coordenador considerou um desrespeito o fato de a Usaid ter pensado em sugerir o programa para o nosso país. Mal-estar deveria ter causado o fato de que o número de pessoas infectadas cresceu entre 2001 e 2004, último ano em que há dados completos sobre a doença no país. Em 2001, foram registrados 25.593 casos enquanto que em 2004, 30.886. Contado com o crescimento da população e outros fatores, teríamos talvez a estabilidade. Ou seja: a ineficácia da estratégia brasileira, ou, segundo palavras do próprio Ministério: "observa-se, basicamente, a manutenção das tendências descritas no Boletim anterior, em que a taxa de incidência de aids mantém-se, ainda, em patamares elevados, em 19,2 casos por 100 mil habitantes, em 2003 (Tabela II), basicamente devido à persistência da tendência de crescimento entre as mulheres que, nesse mesmo ano, atingiu 15 casos por 100 mil mulheres (Tabela II)". Em relação às Doenças sexualmente transmissíveis: "A partir de 2002, a notificação e investigação dos casos de sífilis congênita vêm aumentando" (Boletim Epidemiológico 2005). O mesmo ocorreu no Boletim do ano anterior: "As análises nos permitem afirmar então que a epidemia de aids no Brasil encontra-se em patamares elevados, tendo atingido, em 2003, 18,4 casos por 100 mil habitantes." Ambos os boletins foram assinados por Pedro Chequer, portanto, não há como dizer que "não sabia de nada", como é de costume da casa. A situação é ainda mais desconcertante quando se descobre que a Uganda conseguiu diminuir de 18% para 7% o número de casos de aids. É um número altíssimo, mas o avanço tornou o país referência na luta contra a Aids. Qual o modelo adotado pelo país? O que o Brasil considera "uma afronta", o modelo ABC. Segundo Constance A. Carrino, diretora do Setor de HIV da Usaid: "O 'A' significa abstinência (inclusive adiar a iniciação sexual entre os jovens), o 'B' fidelidade e o 'C' uso correto e consistente do preservativo. A abordagem ABC deve ser adaptada ao contexto de um determinado país ou população-alvo. Para os jovens, a USAID dá um destaque especial ao A e ao B." Enquanto a política brasileira para Aids gasta milhões e não oferece |
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Eduardo Gama, professor de redação e literatura em Jundiaí e Campinas. Mestres em Literatura pela USP, tradutor, jornalista e publicitário. É autor do livro de poemas "Sonata para verso e voz" e editor dos sites www.doutrinacatolica.com.br e www.revisaoetraducao.com.br e-mail: redator@portaldafamilia.org Publicado no Portal da Família em 14/06/2006 |
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