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Floriano Serra

Coluna "Em Família"

O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO

André Pessoa

Você encontra um amigo seu que lhe diz que tem um negócio espetacular, e lhe convida para ser sócio. Gato escaldado... você diz que vai pensar, que irá lhe falar na semana que vem sobre o assunto.

Dependendo dos valores envolvidos, e do risco, uma decisão precipitada pode ser fatal. Um de nossos objetivos educacionais com nossos filhos é ensinar-lhes a tomar decisões com segurança.

O processo se inicia com a coleta de informações. Isto fazemos através da leitura, escutando atentamente o que as pessoas nos têm a dizer, analisando seus os gestos. Temos que desenvolver em nossos filhos boa capacidade de observação. Estimulá-los a reparar os detalhes.

O clínico geral de nossa família dizia ter desenvolvido uma capacidade sensitiva tal, que, quando entrava seu paciente pela porta, antes mesmo que ele pronunciasse uma única palavra, já sabia o motivo da visita. Havia conseguido desenvolver esta habilidade com anos de exercício contínuo.

À percepção aguçada, à conversa com o paciente, naturalmente se juntam aos anos anteriores de estudo e leitura... e a pesquisa posterior. Fomentar que nossos filhos adquiram cultura geral, que tenham habito de leitura, lhes proporcionará uma habilidade adicional de conseguir manter-se atualizados, informados e de realizar pesquisas específicas.

A coleta de informações aleatória ou mal feita pode ser fatal. Daí a necessidade de sabermos distinguir os fatos das opiniões. Em uma consulta médica, fica claro que, raramente, o médico leva em conta a nossa opinião. Irá antes reunir os fatos, sintomas, etc.. Em outras áreas menos técnicas, por vezes nos deixamos levar pelas conclusões precipitadas de terceiros, pelo "achismo" tão em voga hoje em dia. Antes das opiniões, durante o período de coleta de dados, o que importam são os fatos.

Feita a coleta, temos que selecionar qual daquelas informações são relevantes. Nestas... ir mais fundo, conseguir mais detalhes, para que a informação seja completa.

E que estejamos atentos à origem da informação. Nestas horas vemos como é importante cultivarmos o prestígio frente aos nossos amigos, frente à sociedade. Se coletamos a informação de um jornal daqueles que publicam qualquer coisa, não resta outra alternativa senão a de "reconfirmar" com outra fonte de maior prestígio e idoneidade.

Antes de tomar a decisão, é bom que já tenhamos estabelecidos, qual serão os critérios da avaliação. Se estivermos falando de um projeto financeiro, o critério seria o retorno sobre o investimento. Se estivermos falando do colégio de nossos filhos, então o critério seria o índice de aprovação no vestibular, a distância entre o colégio a casa, etc...

Por último, relacionar os dados e os critérios, e procurar tirar conclusões. Este é o momento de tomar uma postura, chegar a uma opinião. A abertura ao diálogo irá permitir que pesemos adequadamente determinado critério em relação a outro, para eventualmente aumentarmos o número de variáveis, ou para deixarmos de lado alguma informação que parecia relevante.

Quando a dois, não nos esqueçamos que o filho é responsabilidade de ambos. O pai não pode se furtar de estar muito bem informado do que acontece com os filhos, para bem participar das decisões do destino da vida deles. Se antes de tomar qualquer decisão, estivéssemos seguros de onde estamos pisando, de que estamos realmente bem informados das causas e conseqüências, e que a decisão é participativa, tomaríamos melhores as decisões familiares.

E, por último, o exemplo que nós podemos dar como pais, é que, mesmo que tenha havido discordâncias de pontos de vista durante o período de estudo do problema, uma vez decidido a dois... a decisão é dos dois. E ambos se empenharão por atuar de acordo com a decisão tomada, como própria, e que ambos estão cientes de que irão colher juntos os frutos daquela decisão.


 

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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 05/09/2006

 

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