Portal da Família
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MARKETING, PAIS E FILHOS |
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André Pessoa |
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Antigamente as crianças se divertiam na rua, jogavam jogos em família, ou saíam juntos para passear com seus pais. Hoje em dia se formou uma indústria fortíssima que assedia a família com seu marketing incansável... e cada vez mais imperdível. A indústria do lazer descobriu o grande negócio do entretenimento das crianças. Os jogos de futebol dos filhos são organizados por profissionais formados em educação física, e não mais pelos pais. Você nem fica mais para assistir... deixa lá e pega depois. O mesmo acontece nas festas de aniversário, nos hotéis, nos clubes, etc.. Os animadores infantis e juvenis são cada mais numerosos, e, na melhor das intenções, terminam por reduzir o convívio familiar. Se já é escasso durante a semana, não engrena no fim de semana. O computador é capaz de alienar a criança por horas. Os jogos eletrônicos são verdadeiras cachaças, no sentido que viciam mesmo. As crianças, pela idade que se encontram, têm ânsias de testar suas habilidades e vencer. É uma pena que esta gana se desperdice sentado numa cadeira, só, ao invés da prática esportiva de jogos coletivos, que tanto melhora o convício social, desenvolve o equilíbrio emocional e proporciona saúde corporal. A Internet é outro consumidor de tempo precioso. Perde-se a criança no meio de tanta informação que muitas vezes se faz inútil por se apresentarem desconectas e distorcidas. Há que haver uma diversidade de estímulos para desenvolver a imaginação, o que se consegue através da leitura de romances, aventuras dos grandes clássicos juvenis. Vale a pena a atenção e orientação dos pais no uso da internet. A indústria de marketing cria necessidades virtuais. Estimula a que as famílias tenham um quarto para cada filho, uma televisão em cada quarto, um aparelho de som em cada quarto, um computador para cada pessoa da família. O convívio familiar em casa termina por se limitar à hora da refeição, se a televisão estiver desligada. Os pais devem aproveitar todos os recursos que dispõe para educar, para provocar o convívio familiar. Um destes recursos é reduzir os recursos. Se há somente uma televisão no lar, e cada um quer ver um programa diferente... então é natural que haja negociação. Uns terão que ceder hoje, para amanhã terem oportunidade de escolher a programação. Se o quarto é um só para alguns irmãos, terão que negociar a que horas se desliga a luz ao dormir, a divisão de tarefas para manter o quarto em ordem. Se o computador é um só, então haverá escala de uso... ou então os filhos poderão acessar os sites juntos, ou jogar jogos a dois. Trata-se de criar pequenas dificuldades, para que haja maior interação entre os filhos. A criança que não recebe sólida formação no caráter, sem critérios firmes do que é efetivamente bom, fica mais vulnerável aos assédios de marketing, e aos modismos da sociedade. Através da família é que efetivamente nossos filhos aprenderão a ser gente de verdade. A intimidade da família é o calor que permite que nossos filhos apurem o caráter e adquiram virtudes. Através da família é que nossos filhos terão noção de limites, sentido do dever, aprenderão a ser homens livres de verdade e a defender as próprias convicções no mundo complexo de hoje. |
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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture. Publicado no Portal da Família em 09/10/2006 |
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