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OS PORQUÊS DA ORDEM
Ricardo Regidor e Elena López

A todo mundo custa ser ordenado, disso não há dúvida, mas existem pequenos "truques" que tornam mais toleráveis este hábito.

Assim, desde seu primeiro ano, ainda que seus pais tenham que realizar o ato físico de recolher os brinquedos porque as crianças ainda não são capazes, haverá que fazer-lhes participar da atividade falando-lhes constantemente: "Recolhemos todas as fichas do jogo para que possamos brincar amanhã; a boneca a colocamos em sua casa para que não passe frio; a bola também para que o quarto continue bonito e limpo...".

Também é possível envolver os filhos nas tarefas de ordenar apelando a seu sempre desperto sentido de solidariedade. Um "me ajude a limpar seu armário?", pode ter os resultados mais insólitos. Não apenas aprenderá a distinguir a roupa que há de ir ao cesto da roupa suja, a que é de outra temporada, a que necessita de conserto antes de guardar, etc. mas que desfrutará enormemente, se sentirá importante, ao mesmo tempo que daí em diante colocará um empenho natural em empregar ela própria esses critérios para seu próprio roupeiro.

Logicamente, os pais devem adaptar os critérios à sua capacidade de compreensão: a roupa suja não vai ao armário para não sujar o resto, as malhas se dobram para que não se enruguem, etc.

CADA COISA EM SEU LUGAR

Não se deve esquecer que, para ensinar ao pequeno a ser ordenado, a criança deve saber antes onde hão de ir as coisas. Esse detalhe aparentemente insignificante é, na realidade, fundamental: para que possa colocá-lo, cada coisa há de ter seu lugar. Não é lógico?

Seria completamente contraproducente que tão apenas dispusesse de um baú, no qual arremessar toda a desordem. Para que aprenda a ordenar, a criança necessita discernir primeiro que os livros vão na estante, os carros no caixote, as bonecas sobre a cama e os quebra-cabeças na cômoda. Se tudo vai ao mesmo lugar, não há ordem que vala.

LEMBRE-SE QUE...

 

  • Para que resulte mais fácil ordenar, pode-se decorar o quarto da criança com baús coloridos, cestos, caixas forradas e estantes. Cada um estará destinado a um tipo de brinquedo.

 

  • Lhe resultará mais divertido e fácil de identificar se cada um tiver um adesivo com um desenho, conforme seja esse o lugar das bonecas, os quebra-cabeças ou os carros.

 

  • Ordenar é um jogo "complementar" para todos os jogos. Depois de montar o quebra-cabeça, há que desmontá-lo, contar as peças para comprovar que estão todas lá, colocá-las na sacola e esta na caixa. Não fazê-lo é deixar o jogo pela metade.

 

  • A ordem vale também para os adultos, seu vestuário e asseio: as camisas devem ter todos seus botões, os cordões dos sapatos hão de estar atados, e não vale sentar-se para comer sem ter lavado as mãos.

 

  • Há que começar exigindo-lhe atos simples e muito concretos, como levar a camisa suja ao cesto. Logo será capaz de guardar todas as peças do lego antes de pegar os carros.

  • A ordem é uma virtude acessível a todos... logo as estantes para colocar os bichos de pelúcia também hão de estar. Sobretudo para os curtos braços da criança.

 

  • Paciência. Este jogo é muito divertido para aprender a jogá-lo da noite para o dia. Não há que desanimar-se se ao princípio o pequeno recolhe apenas um brinquedo porque pouco a pouco irá variando a proporção.

 

O ÚLTIMO PASSO

Para a criança, ordenar deve ser como um passo a mais, inseparável de suas atividades normais: depois de usar um brinquedo e antes de tirar outro, guarda-se o primeiro; após colorir um desenho, colocamos o lápis - bem apontado - em seu estojo; depois de construir o lego (ou quebra-cabeças), há que desmontá-lo e colocar as peças em sua caixa, etc.

É importante que a criança compreenda que o último que se faz com cada coisa é guardá-la no lugar que lhe corresponde. E que apenas quando se terminou com um jogo pode-se pegar o seguinte.

Uma vez que tenha aprendido que as bolas vão ao cesto, os livros à estante e as peças do lego à caixa, pode-se dar mais um passo: as coisas se guardam em bom estado: apontados os lápis, completo o quebra-cabeça - há que contar as peças para comprovar que estão todas -, as roupas estão com todos os botões...

Se algo está quebrado ou sujo, deve-se consertá-lo antes de levá-lo ao seu lugar, ou notificar a mamãe: o bolsinho está descosido, acabou a pilha do rádio, etc.

Também é possível ensinar que cada quarto tem seu uso específico: a sala para reunir-se a família, a copa para comer e pintar com ceras, etc.


criança brincando

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Fonte: Texto traduzido do livro "A Idade da Decolagem - Como educar seu filho de 0 a 6 anos", Coleção Fazer Família, de Ricardo Regidor e Elena López.

RICARDO REGIDOR é licenciado em Ciências da Informação e redator chefe da revista educativa especializada Fazer Família. Em suas páginas publicou numerosos artigos sobre educação e o mundo infantil. Dirige uma coleção de literatura infantil, publicou um livro de contos para crianças e é monitor de tempo livre, como voluntário, em uma organização para os menores. Pensa que os pais hão de voltar a tomar consciência de que a educação de seus filhos é coisa deles, e que há que realizar um esforço maior por fortalecer a família e os laços afetivos que se criam nela.

ELENA LÓPEZ é licenciada em Ciências da Informação pela Universidade Complutense de Madri. Nos últimos anos, publicou diversos artigos sobre pedagogia infantil, juvenil e família, e atualmente desenvolve sua atividade profissional na revista educativa especializada Fazer Família. Esta experiência levou-lhe a dirigir a presente coleção, A Arte de Educar, na qual depositou grandes esperanças pela ajuda que pode prestar aos pais em seu trabalho. Não apenas porque cada filho é um mundo, mas porque os tempos mudaram e já não servem as teorias de épocas passadas.

Publicado no Portal da Família em 06/02/2007

 

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