Não é de hoje que Hollywood centra os seus ataques contra a família. Contudo, no Oscar 2007, sobressaem-se os títulos dedicados a menosprezar a família de classe média norte-americana.

É o que aponta Juan Orellana, no artigo Familia disfuncional busca Oscar (Aceprensa 07/02/07), no qual cita diversos filmes com esse foco, como Pecados Íntimos, Diário de um Escândalo (com estréia prevista para o início de março no Brasil): "O argumento destas produções consiste em afirmar que, sob a aparência de uma família americana feliz, escondem-se um sem fim de anormalidades e patologias que tornam pouco recomendável um casamento normal".

Como o próprio autor do ensaio ressalta, é evidente que a família pode ser a fonte de muitos problemas e vícios: "Mas isso, que é um dado da experiência, adquire um matiz ideológico em muitos destes filmes". E conclui Orellana: "Os filmes menos realistas - e mais ideológicos - propõem uma 'liberalização' do instintivo e a 'desontologização' dos afetos e do sexo como a panacéia da saúde mental. (...) Mas estes filmes contam com um poderoso inimigo: a própria experiência humana".

Um filme, assim como qualquer obra de arte, não tem a obrigação de pintar a realidade tal como ela é. Por isso dizia Aristóteles que as tragédias mostravam os homens melhores do que são, piores do que são e tais como são. Contudo, o que se vê em alguns dos filmes, principalmente nos que estão concorrendo ao Oscar é uma crítica a família enquanto instituição, o que aponta para uma tentativa de nem retratar os homens como são, nem piores ou iguais, mas sim diferentes. Essa é uma característica não das grandes obras de arte, mas sim de obras que visam manipular a realidade.

Eduardo Gama, redator do Portal da Família e editor do informativo Em Foco (emfoconoticias.blogspot.com), é jornalista, publicitário e mestrando em Letras pela USP.

Publicado no Portal da Família em 24/02/2007