Portal da Família
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O fenômeno paparazzi |
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Margarita Iturbide |
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Câmeras fotográficas, zooms cada vez mais potentes, motos, carros ou helicópteros, a vertigem da velocidade, a paciência na espera, a inteligência... é um novo tipo de caça. Não se trata apenas de encontrar a presa, mas a encontrar no momento mais espetacular. Milhões de revistas são impressas diariamente. Estão em toda parte: nos aviões, na sala de espera do dentista, no cabeleireiro, no hospital. Um tipo de leitura, há algum tempo, própria das mulheres, mas que hoje em dia os homens também tomam parte no que parece agora um vício. Os famosos são perseguidos e não há espaço para a intimidade: o supermercado, a rua, o restaurante, o jardim da própria casa... tudo é válido e em tudo se constrói uma história: Fulana não soube se vestir em tal ocasião, a outra foi vista com Fulano no fim de semana e outro foi detido porque dirigia embriagado. O que dizer das entrevistas pelas quais se paga uma fortuna? Contar a intimidade e sobretudo confessar algo escandaloso é uma maneira de se tornar rico. Às vezes, quando alguém escuta repetir o mesmo nome nas revistas de fofoca, pode-se perguntar: "Por que essa pessoa é famosa? Não canta, não dança, não atua, não promove causas beneficentes, apenas está em todos os lugares e com todos." Há pessoas que se sentem fascinadas por ser o objetivo dos paparazzis. Contudo, cedo ou tarde, os caçadores irão destruir a sua presa. Todos se lembram da morte da princesa Diana. Simplesmente não há limites. Para estes personagens não existe respeito, não importa deixar recair sobre eles dúvidas e suspeitas, acabar com a reputação, tornar público o sofrimento. O objetivo é ventilar a intimidade: captar a expressão mais dissonante, ridicularizar o mínimo descuido, conseguir a imagem mais provocante. Se é verdade que uma foto nos diz muitas coisas, também é certo que deixa de nos dizer infinitamente mais do que vemos. Como todo tipo de vício que tende a aumentar, este resultou nos Reality Shows, que deixaram profundas marcas em alguns participantes. Eu me pergunto: qual será a próxima? Mas, sinceramente, isso nos satisfaz? Existe um espaço da nossa pessoa que é intocável e que se danifica quando exposto sem cuidado. O homem possui uma intimidade que pertence somente a ele e que deve ser observada para ser entregue a quem o ama, a quem o pode compreender. O que se revela sem cuidado é manuseado, menosprezado, mal interpretado e termina por ser jogado no lixo. Por que nos encontramos em uma sociedade ávida por fofoca, faminta pela última notícia escandalosa? Sempre existiu no ser humano essa tendência de se intrometer na vida dos outros, mas hoje, mais do que nunca, graças aos meios de comunicação, temos acesso quase imediato ao que acontece em qualquer parte do mundo. Contudo, essas facilidades não poderiam ser aproveitadas para que tenhamos acesso a outro tipo de informação? Buscar criar vínculos com aqueles seres humanos que estão a milhares de quilômetros, crescer em conhecimento do mundo que nos cerca, das suas diferentes culturas, da arte, da ciência. Por que se fala tanto deste ou daquele personagem, do seu novo penteado, da sua ex, da sua atual e de sua futura namorada, do cachorro que possui, de suas cores favoritas enquanto se asfixiam as débeis vozes que nos falam de crianças, em muitas partes da África, que estão morrendo de fome? Os paparazzis não nos aproximam das pessoas por mais zooms que utilizem. Pelo contrário, nos insensibilizam, nos distraem, nos levam a ser mais frívolos, a ver as alegrias e as tragédias dos famosos de uma sala de cinema. Tornamo-nos espectadores do boato e do escândalo, mas cada dia menos vinculados com os verdadeiros problemas dos homens. Criticamos, murmuramos, caluniamos sem sequer conhecer a situação. Chama atenção a maneira como acreditamos em tudo. A revista menos séria é digna da nossa credibilidade. A sociedade sempre foi guiada pela lei da oferta e da procura. É como perguntar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha: quem foram os primeiros, os paparazzi ou os fofoqueiros? Se grande parte da sociedade tivesse outro tipo de demanda, os paparazzi seriam obrigados a mudar de objetivo e colocaríamos nossa atenção em assuntos de maior relevância. |
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Fonte: site Mujer Nueva - www.mujernueva.org Por Margarita Iturbide, colaboradora do site Mujer Nueva. Publicado no Portal da Família em 24/02/2007 |
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