Portal da Família 
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Tenho um irmãozinho: os primeiros ciúmes  | 
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Maria Luisa Ferrerós  | 
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A chegada de um bebê não é uma boa notícia para o príncipe destronado, ainda que seus pais estejam radiantes. A criança vive uma crise ante a chegada do novo irmão, sente-se desorientada e até atemorizada ante essa ameaça que se aproxima. As excessivas explicações dos pais não fazem senão aumentar os temores da criança. Você deve saber que não é benéfico para ela falar sobre o novo irmão com tanta antecedência, apesar do que comumente se acredita. Entre os dois e os cinco anos, não sabem o que significa um novo bebê. Todas as informações que não compreendem produzem grande insegurança. Para elas, significa a chegada de um intruso, e é melhor que se sintam livres para expressar sua angústia abertamente em lugar de permanecer em silêncio. Quando as crianças reprimem os ciúmes, estes escapam disfarçadamente, por meio de sinais e de mau comportamento. Como os ciúmes podem se manifestar? Pesadelos: se o ressentimento com os irmãos não pode ser expresso, os pais o proíbem e restringem as tentativas de que seja verbalizado e as crianças podem sofrer fortes pesadelos. Esta é a forma que a criança tem de expressar por imagens o que não pode ou teme fazer com palavras. Regressões: algumas crianças voltam a fazer xixi à noite ou se tornam agressivas. Mudanças de comportamento: estas reações são mais patentes em casa. Começam a quebrar ou atirar coisa no chão, aparecem alguns tics, roem as unhas, etc. Procuram estratégias para diminuir a ansiedade que esta nova situação produz. Má relação com a mãe: enquanto não conseguimos identificar os ciúmes, estes não são evidentes, já que a criança mostra uma conduta afetuosa com o bebê, mas cresce a má relação com a mãe. Você sabe como o seu filho se sente? Para entendê-lo, leia com atenção este exemplo: "Tati é uma menina de três anos e meio que acaba de receber a notícia que vai ter um irmãozinho. Ela não sabe exatamente o que isso quer dizer, pois nunca teve nenhum e pensa que deva ser algo como um boneco grande, por isso se alegra e se deixa contagiar pela euforia dos pais. Entretanto, com o passar do tempo, percebe mudanças no  comportamento dos pais. Deixaram de concentrar a atenção sobre ela e passam o  dia falando sobre o bebê; além disso, quando vão às compras, já não compram  coisas para ela, só para o irmão.  Começam a decorar o quarto do novo filho e a mudam de  quarto. Avisam a Tati, de repente, que agora já é grande e deve deixar a  chupeta: contudo, compram várias novas chupetas para "o outro".  Começa a se sentir desprezada e se atemoriza pela ameaça contra a qual não pode  lutar, visto que ainda não existe. Aos poucos, acaba a sua alegria, chora por tudo e não quer  largar de seus pais. Tem medo de perdê-los, não entende o que acontece e mergulha  em uma regressão que a impede de avançar para a independência. Esta situação se  estende e perde o controle. Tati  tem pesadelos, está irritada e seus pais, que também não entendem nada, passam  o dia castigando-a. A pressão não faz mais do que complicar as coisas.  Tudo acontece ao mesmo tempo: começar a freqüentar o  colégio, deixa a creche e sua mãe já não vai buscá-la porque está a ponto de  dar à luz. Sente-se tremendamente infeliz. Para evitar essa situação, simplesmente deve-se evitar explicar coisas que as crianças, por causa da sua idade, não podem compreender. É mais prático falar sobre o bebê quando ele está a ponto de nascer para que, em seguida, veja o que é e se tranqüilize ao comprovar que só fica no berço, chora, que deve ser alimentado e suas roupas devem ser trocadas de vez em quando. O irmão maior tem que pensar que não irá perder seus pais Para ajudá-lo, é preciso buscar que aconteça o mínimo possível de mudança em sua rotina, que sua vida seja alterada o mínimo possível. Nesta idade, a rotina garante muita segurança às crianças, pois é a sua maneira de controlar o que acontece em sua vida. O que podemos fazer para ajudar nossos filhos? 1. Não dar o mesmo tratamento aos irmãos Ser justo não significa tratá-los do mesmo modo, nem chamar  à atenção da mesma maneira, mas saber distinguir as diferenças e tratá-los de  acordo com elas. É possível, por exemplo, que um dos seus filhos precise de  maior rigidez e correções, enquanto o outro pode ficar chateado com as mesmas  palavras. Alguns pais, para evitar qualquer atitude de ciúmes,  castigam constantemente. Outros fazem malabarismos para que a criança não sinta  ciúmes. Evitam que veja o bebê em situações íntimas e tentam convencê-la de que  gostam de todos igualmente.   Outros, na luta contra os ciúmes, dão os mesmos presentes aos filhos, vestem-nos da mesma maneira, falam com as mesmas palavras, levam-nos aos mesmos acampamentos, etc. A  uniformidade acaba por ser injusta; nada diminui o desejo de exclusividade da  criança. Aprender a compartilhar é um processo longo que parte do reconhecimento de que os ciúmes são inevitáveis e devem ser enfrentados de frente. 2. Evitar comparações Um filho não é igual ao outro, nem podem ser comparados.  Cada um é diferente, único, especial e isso é o que temos de ressaltar. Convêm  explicitar as características que os tornam especiais abertamente. Ajudá-los a compreender as diferenças de idade e sexo é  útil para solucionar a situação. Alguns manifestam o seu mal-estar: “Você não  gosta mais de mim”, “A mim, você não pega no colo”, “Eu também quero chupeta”  ou perguntam se é possível devolver o bebê para o hospital. Nestas ocasiões, deve-se evitar dar demasiadas explicações.  Deste modo, em vez de dizer: “Gostamos de todos igualmente”, é melhor dizer:  “Como não vamos gostar de você, se é o nosso primeiro filho! Você é único e  especial para nós; somos muito felizes porque você é nosso filho!” Amar cada filho de forma diferente porque cada um é  especial e único: não se deve esconder esse fato. A chave está na qualidade,  não na igualdade. A “igualdade” acaba sendo injusta. É legítimo que o mais  velho tenha alguns privilégios que dependam da idade. Se a nossa conduta é  clara e transparente, evitará medos desnecessários.     A possibilidade de verbalizar os sentimentos, com palavras  e com desenhos, ajuda-os a eliminar sentimentos negativos. É preciso escutá-los  sem recriminar seus sentimentos, reservando para eles um espaço exclusivo de  confidências e carinhos. Pode ser no momento de dormir, por exemplo. Nossa posição deve ser a de observá-los com olhos compreensivos: é melhor que o seu desgosto seja manifestado de forma simbólica, desenhando ou projetando-o sobre um brinquedo; que não seja guardado e o reprima. Depois, pode ser dito: “Da próxima vez que você se irritar com o seu irmão, conte para mim. Mamãe vai escutar você.”  | 
    
         
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fonte: solohijos  - www.solohijos.com Tradução: Eduardo Gama (blog Em Foco). Publicado no Portal da Família em 02/04/2007  | 
    
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