Portal da Família
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Amores platônicos: o primeiro passo na vida afetiva dos jovens |
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Isabel Álvarez y Soledad Villarroel |
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Essas fantasias românticas, nas quais um amor inalcançável se torna possível, começam a rondar a mente desde a infância. Se é certo que é mais comum que as mulheres desenvolvam esse tipo de relação, os homens não ficam atrás. Nos chamados amores platônicos, o jovem não conhece o objeto do seu afeto, que por sua vez ignora a existência de uma pessoa que a observa e a idolatra em silêncio. O objeto de tanta adoração nesses primeiros anos é, em geral, o professor, o vizinho ou pessoas famosas como Brad Pitt ou Jennifer López. Francisca Ramírez, de 23 anos, lembra que, aos 16, era muito tímida, de forma que buscava paqueras que ninguém conhecia. Por isso, se apaixonou por um coroinha da igreja que freqüentava: “Era tão apaixonada que comecei a ir à missa com mais freqüência e a olhá-lo quando ele saía da escola. Depois de algum tempo, fui apresentada a ele, mas o encanto se quebrou; de fato, me aborreci.” “Todas as pessoas têm fantasias amorosas que, geralmente, são difíceis de concretizar e permanecem no terreno da irrealidade. O importante é não comparar o ideal com o real”, explica a socióloga Marcela Alarcón. Nos homens, os amores platônicos tendem a acontecer com mulheres mais velhas, como foi o caso de Nicolás Henríquez, de 23 anos: “Eu estava na oitava série e gostava de uma menina do terceiro colegial. Seguia-a no recreio, ficava perto dela para escutar suas conversas; no almoço, sentava-me ao seu lado para passar o sal ou coisas do tipo. Agradava-me passar na frente dela para que me notasse e guardava as fotos que pareciam no anuário da escola, mas nunca falei com ela”, recorda. O amor platônico de Nicolas durou dois anos, até que ela saiu da escola. Anos mais tarde, a encontrou em uma festa, mas ficou desiludido. Contudo, percebeu que era necessário encontrar-se com ela para encerrar essa etapa. O papel dos pais O amor platônico se manifesta na consciência e no inconsciente da pessoa. Há os que assumem a paixão como um passatempo, enquanto outros vivem o dia todo em função do amado, embora se trate da idolatria da sua imagem, visto que não o conhecem. Isabel Santa Maria, socióloga e docente da Universidad del Desarrollo, esclarece que não é preciso se assustar se, chegada a puberdade, os jovens colem em seus quartos pôsteres dos artistas que idolatram, pois é normal que as primeiras aproximações no campo do amor e da sexualidade sejam idealizadas. Isto porque o caminho para atingir o amor maduro é longo, com muitas etapas, das quais essa é a primeira. É normal que, nas experiências amorosas que começam na puberdade, o jovem se sinta intimidado por essa nova aventura. Os amores platônicos, então, são uma forma de começar a cultivar a heterossexualidade, mas de forma ideal, ressalta a especialista. Trata-se de um amor narcisista, no qual o jovem atribui ao outro tudo o que deseja; é um prolongamento idealizado de si mesmo. Por isso, a relação gerada não é com o outro, mas consigo mesmo. Assim, quando aquele que mantém um amor platônico conhece finalmente o sujeito de suas atenções, desilude-se: a divindade que haviam construído existia apenas na sua cabeça. Os pais cujos filhos mantêm algum amor platônico não devem se preocupar nem evitar que isso ocorra, explica a socióloga Isabel Santa Maria, porque essas primeiras paixões têm relação com uma das tarefas da adolescência: para que uma pessoa faça sua própria vida, deve se separar dos pais. Um processo lento que começa com a paixão. Contudo, quando esse amor platônico deixa de produzir sensações boas e dá lugar a uma sensação de angústia, porque a pessoa sente que não pode concretizar um sonho que é quase um projeto de vida, os pais devem estar alertas. O problema, explica a profissional, é a idealização do desconhecido. Aos mais próximos, só consegue enxergar defeitos e os compara com o ideal. Imaginam como essa pessoa é ao se levantar, que música gosta, de quais coisa ri..., mas é uma construção mental do que desejariam. Se os pais percebem que seus filhos têm esse tipo de amor, o que devem fazer é contê-los, entendê-los o quanto seja possível e estar à disposição. Dar-lhes outros panoramas ou organizar encontros para que conheçam outras pessoas pode ser contraproducente, nota s socióloga. Para algumas pessoas, as fantasias podem ser uma valiosa válvula de escape da rotina, mas é preciso impor limites e jamais transformá-las em fixação, pois poderá impedir o desenvolvimento e a relação com pessoas reais, explica Marcela Alarcón. Além da adolescência Nem sempre os amores platônicos são inofensivos. A socióloga Isabel Santa Maria ressalta que assim como é esperado que esse tipo de relação aconteça na primeira adolescência, o normal é que o jovem conheça outra pessoa, complete-se e comprometa-se. Se, no fim dessa etapa, isto não acontece, significa que a fase da adolescência não se completou. Quando o fenômeno acontece com adultos, é preciso ter atenção, porque tal idealização pode ser sintoma de um problema maior. Talvez a pessoa não seja capaz de estabelecer relação com outras pessoas, explica Isabel. Por isso, é importante observar se este quadro se dá junto a outras características. Se a pessoa, além de ter amores platônicos, se isola, está triste, angustiada e não tem vontade de fazer outras coisas, talvez estejamos frente a um quadro depressivo, no qual seria bom consultar um especialista. |
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Fonte: Mujer Nueva - www.mujernueva.org Publicado no Portal da Família em 07/06/2007 |
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