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Filhos responsáveis: Como atuar?

Teresa Artola González

Seu filho não nasce responsável ou irresponsável. O sentido da responsabilidade não se transmite geneticamente, mas se aprende com a experiência. A ação dos pais é básica e a vida em família constitui a principal escola.

A RESPONSABILIDADE
SE APRENDE NA VIDA FAMILIAR

Um erro muito freqüente  de muitos pais é pretender prolongar mais além do devido a infância das crianças impedindo-lhes na prática que assumam responsabilidades.

A melhor idade para estabelecer o sentido da responsabilidade é entre os sete e os onze anos. Neste momento se vivem Períodos Sensitivos que facilitam o cumprir com o dever assumido ou escolhido:

  • O amor à justiça.
  • A disposição de ajudar.
  • O desejo de ficar bem.
  • O afã de superação.

O que a criança adquire nesta idade sobre o sentido da responsabilidade é essencial já que o preparará para enfrentar as crises que acontecem na puberdade e adolescência.

Certamente, pode começar muito antes. Tenha em conta que uma criança a qual lhe permite fazer de tudo não é mais feliz que aquela a qual se lhe exige com amor.

NUNCA É MUITO CEDO
PARA EDUCAR NA
RESPONSABILIDADE

  Para que uma criança aprenda a ser responsável, os pais devem:

  • DESTACAR-LHE RESPONSABILIDADES: Se os pais fazem tudo pela criança e tomam todas as decisões, a criança nunca aprenderá a ser responsável.
  • COMEÇAR MUITO CEDO: Durante a infância. A seguir, na puberdade, a delegação de responsabilidades irá aumentando.
  • INFORMAR-LHE SOBRE A EFICÁCIA DE SUAS RESPOSTAS: A criança deve saber como se está desenvolvendo e há de aprender com seus erros.

  • DAR-LHES APROVAÇÃO E RECONHECIMENTO: Quando atuam de forma responsável. Isto lhes infundirá confiança e segurança em si próprios.

 

            Os encargos ou responsabilidades familiares

É comum que em muitos lares os pais, e com freqüência apenas a mãe, carreguem sobre seus ombros todos os trabalhos:

  • As tarefas domésticas.
  • A sustentação do lar.
  • O cuidado da roupa de cada um.
  • As gestões relacionadas com seus estudos: matrículas, uniformes, livros ...

Entretanto, os pequenos encargos ou responsabilidades constituem uma forma maravilhosa de educar a responsabilidade. Além disso, contribuem para que todo o trabalho não recaia sempre nas mesmas pessoas. Ter um encargo concreto aos 4 ou 5 anos torna possível que aos 15 ou 16 anos seja lógico o colaborar no lar. Pelo contrário, se esperar que seu filho fique maior para exigir-lhe responsabilidade, isso vai ser difícil.

OS FILHOS DEVEM COLABORAR
NO BOM ANDAMENTO DO LAR

 Do mesmo modo que desde muito pequeno acostumamos nossos filhos a que comam e se vistam sozinhos, devemos acostumar-lhe a ir fazendo por si próprios o que, razoavelmente, e de acordo com sua idade, são capazes de fazer.

Nunca é muito cedo para ensinar ao filho a ser responsável. Nos primeiros anos de vida pode fazê-lo como um jogo. Enquanto seu bebê começa a engatinhar pode estimular–lhe para que recolha seus jogos. Desde que seu filho tem 2 ou 3 anos pode assumir pequenas responsabilidades:

  • Ajudar colocar a mesa.
  • Tirar os guardanapos.
  • Regar as plantas.
  • Ajudar mamãe a fazer as camas nos dias que não há colégio.
  • Preparar sua roupa para o dia seguinte.
  • Apagar as luzes.
  • Recolher seus objetos pessoais.

Entre os 5 - 7 anos pode assumir responsabilidades maiores como, por exemplo:

  • Atender o telefone.
  • Tomar banho e vestir-se sozinho.
  • Cuidar de algum animal.
  • Tirar o lixo.
  • Limpar sistematicamente o banheiro, o lavabo ...
  • Comprar diariamente produtos como: o pão, o leite ...
  • Varrer o chão.
  • Passar o aspirador.
  • Limpar seus sapatos ...

Pouco a pouco, a criança terá que ir aprendendo a deixá-lo de fazer como um jogo (porque lhe diverte) a fazê-lo ainda que nesse momento não lhe resulte apetecível. Deverá aprender, que na vida, há coisas desagradáveis ou aborrecedoras e que não há mais remédio que aceitar se se quer crescer. Se a criança observa que seus pais e irmãos maiores realizam estas tarefas de forma regular compreenderá que há certas tarefas  necessárias que deve fazer.

Para que um encargo desenvolva a responsabilidade, a criança deve ser consciente de que tem que responder ante alguém pelos trabalhos realizados. Os pais deverão, portanto, avaliar periodicamente seu cumprimento.

É importante que seu filho entenda bem em que consiste seu encargo, para que possa cumpri-lo. Além disso, deve entender o propósito da tarefa: isto é, por que é importante que o faça.

Na hora de distribuir os encargos convém respeitar as iniciativas de seu filho: bem no que diz respeito ao encargo escolhido, ou melhor quanto à forma de cumpri-lo. Se se pode escolher livremente estará exercitando sua responsabilidade. Deve-se procurar que cada filho tenha o encargo que possa cumprir bem. Desta forma poderão experimentar a satisfação do trabalho bem feito e verá reforçado seu próprio sentimento de auto-estima.

            Para isso é importante que os pais recompensem periodicamente o comportamento responsável, já que é difícil que seu filho aumente sua capacidade para ser responsável se não consegue nenhuma recompensa ou elogio por seu comportamento. Pelo contrário se continuamente se lhe critica, ridiculariza ou tacha de irresponsável, seu filho acabará acreditando que o é e comportando-se como tal.

ELOGIE SEU FILHO
QUANDO SE COMPORTA
DE FORMA RESPONSÁVEL

A medida que vão crescendo, os pais deveremos procurar que a motivação para cumprir com suas responsabilidades provenha deles mesmos. Para isso deveremos conversar muito com os filhos e fomentar sua  capacidade de reflexão. Devemos ajudar-lhes a considerar as coisas e argumentar examinando as razões ou motivos que aconselham atuar de um modo ou outro; a prever as conseqüências de suas decisões livre e a atuar em conseqüência disso.

Entre os 7 e os 11 anos estão em pleno período sensitivo da responsabilidade. Podemos estimular sua responsabilidade, das seguintes formas:

  • Mediante os encargos ou responsabilidades familiares.
  • Ensinando-lhe a tomar decisões.

Acostumando-o a:

  • Prestar contas de seu trabalho e dos encargos que lhe encomendaram.
  • Prestar contas do dinheiro que utiliza.
  • Realizar bem seus trabalhos sem interrupções.
  • Terminar as atividades que começa.
  • Valorizar a qualidade do trabalho realizado.
  • Usar responsavelmente seu material e cuidá-lo.
  • Aceitar a responsabilidade de suas faltas.

Já na adolescência há poucas coisas nas quais não devemos responsabilizá-lo. Podemos, por exemplo, encarregar-lhe de que faça por si próprio os trâmites para matricular-se, tirar o documento de identidade ... A esta idade deveremos ir-lhe colocando a par dos problemas familiares, das necessidades econômicas e pedir sua opinião à hora de tomar decisões que afetem a todos.

Assim, se desde pequenos se acostumam a assumir responsabilidades, quando se adquirem independência de nós estarão preparados para fazer-se cargo de sua própria vida.

garotos

Fonte: Livro “Como resolver situações cotidianas de seus filhos de 6 a 12 anos”

TERESA ARTOLA GONZÁLEZ é doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madri e Master em Educação Familiar pelo E.I.E.S (Educational Institute of Educational Sciences). Desenvolve um amplo trabalho de pesquisa e docente no campo da Psicologia Infantil e é professora da Escola Universitária Europea da Educação de Fomento de centros de Ensino. É autora de diversas publicações em sua maior parte dedicadas aos problemas de aprendizagem, sua avaliação e tratamento.

 

Publicado no Portal da Família em 25/11/2007

 

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