Portal da Família
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Lições do Coração (II) - Coração e projeto de vida |
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Mercedes Malavé Gonzáles |
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Coração e projeto de vida Dizíamos que o ato de amar é um ato do coração, que consiste em recordar, e que nesse ato conflui a inteligência e a vontade. Por isso o coração possui uma dinâmica unificadora da pessoa, que a leva a orientar as demais potências da alma em direção ao ser amado. Se refletirmos um pouco observaremos que todos os projetos em que nos fixamos têm como ponto de partida um ato do coração. Por exemplo, para optar por uma carreira universitária não basta adquirir um conhecimento das diversas matérias que estudaremos, nem tampouco é suficiente saber que contamos com uma série de hábitos e aptidões que nos assegurariam o sucesso profissional. Mas sim, o que importa é um desejo de orientar nossa vida para esse objetivo. A escolha profissional consiste muito mais em uma aspiração de futuro do que em certas aptidões e conhecimentos, que só se tem quando se está começando. Desejos e aspirações também são uma espécie de recordação. Só se deseja aquilo que se traz continuamente para a memória, o que não se esquece. Se for algo que se esquece, deixa de ser desejado. Por isso, aspirar a algo é um ato de torná-lo presente no coração. O amor tem muito de desejo, de sede de satisfação. O coração, à medida que ama, quer amar mais, não se cansa de amar, não se sacia de contemplar o objeto amado. Quando o coração está enamorado, as potências da alma se expandem encharcadas daquilo que se está constantemente contemplando com o olhar interior. Um ser enamorado é o que trabalha, estuda, viaja, descansa e incentiva um tipo de amizade, preferências, diversões etc. permanecendo ancorado no que ama. A tendência natural dos que amam é agir assim, serem naturalmente deste jeito, não havendo necessidade de fazerem grande esforço nem de terem deliberado propósito em recordar para que vivam orientados interiormente em relação ao ser amado. No interior do verdadeiro amante, todas as coisas acabam sempre se referindo ao ser amado, e só assim encontram um sentido e um significado mais pleno para si mesmo. Nesta perspectiva, pode-se compreender melhor o conselho da Raposa ao Pequeno Príncipe: “não se vê bem – disse a Raposa ao Pequeno Príncipe - senão com os olhos do coração. O essencial é invisível para os olhos” *. Na vida de uma pessoa que ama, todas as coisas adquirem seu justo valor e realce quando são compartilhadas com o ser amado. Tudo o que se quer é para o ser amado, e sem a sua presença, nada satisfaz plenamente. Por isso é que é necessário que o objeto amado esteja à altura das potencialidades do ser humano! Que seja capaz de satisfazer, à plenitude, todos os desejos e aspirações humanas. Quando falamos de projeto de vida nos referimos, sobretudo, a esse manancial de amor no qual se deseja fixar o olhar interior. Dinheiro, honra, fama, filhos, obras de caridade, Deus, cada qual desses exemplos constitui a aspiração de muitas pessoas, porém nem todos são, na realidade, fins que nos cumulam de amor. Sabemos que o coração não se engrandece nem se sacia com o dinheiro, nem com a fama, nem com a honra, mas, ao contrário, tende a apequenar-se. Por outro lado, os filhos, a família, a amizade e as obras de caridade ao próximo proporcionam relações de amizade e amor plenas. Contudo, também exigem muita grandeza de coração, porque podem chegar a ser, justamente elas, a principal fonte de discórdia e de sofrimento humano. A complexidade dos relacionamentos humanos, essa estrutura dramática da vida que todos experimentamos cada vez que passamos da alegria à tristeza, da satisfação ao tédio, da companhia à solidão, do amor ao ódio, não são outra coisa que a dinâmica, o movimento, do coração. Trata-se de um processo que exige uma contínua elevação na escala do amor, que comporta dor e sacrifício. Inclusive o amor dos bons esposos, que enche o coração de satisfação e plenitude, tampouco está isento de experimentar esses pequenos ou grandes "dramas" que se devem superar com um pouco de dor e às vezes com lágrimas. Por isso, para que o amor humano seja pleno, necessita também de alimentar-se de Deus. Somente Deus pode preencher os desejos do coração humano e, ao mesmo tempo, deixá-lo aberto aos demais. Amar a Deus significa buscá-Lo com o coração, recordá-Lo, contemplá-Lo. Quando o coração se acha fundamentado em Deus, todas as relações interpessoais melhoram e adquirem um peso, uma fidelidade e uma riqueza “à prova de balas”. Qualquer projeto de vida, de compromisso estável, que se pretenda definitivo, deve ter em Deus o centro e o norte de toda a dinâmica do amor interior. Viver na esperança, ser forte, paciente, otimista, consiste em manter-se firme na recordação de que um dia nos encontraremos face a face com Deus, plenitude infinita de todos os anseios do coração. Veja também: Lições do Coração (I) - Como se alimenta o coração? |
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Fonte: MujerNueva - www.mujernueva.org Tradução: maria do carmo ferreira |
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Publicado no Portal da Família em 24/11/2008 |
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