Portal da Família
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A autoridade dos pais |
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Fábio Henrique Prado de Toledo |
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Como exercer a autoridade com os filhos na medida certa? Talvez seja essa uma das maiores dúvidas e causa de divergências dos pais de nosso tempo. Antes, porém, de achar a dose certa, é preciso entender o que é autoridade. Sem pretender formular um conceito científico, gosto da definição de autoridade como sendo um tipo de influência exercida pelo que manda para o bem do que obedece. Há uma relação de poder e de sujeição no exercício da autoridade, mas essa somente é legítima se exercida em benefício de quem a ela está sujeito. No entanto, é conhecida a afirmação de que “ninguém pode dar o que não tem”. Assim, para exercer a autoridade, os pais têm de adquiri-la antes. E ela não será verdadeiramente exercida se faltar o prestígio dos pais. E o prestígio se obtém na luta por adquirir virtudes, tais como serenidade, naturalidade, bom humor, dedicação, saber escutar, compreender, desculpar, exigir, coerência, constância, fortaleza, dentre outras. Por exemplo, os pais que se esforçam por ser leais aos compromissos assumidos e que também se esforçam por estar presentes nas reuniões escolares de seus filhos adquirem um grande prestígio com eles. Também é muito importante que haja sintonia entre o pai e a mãe. Nada enfraquece mais a autoridade do que discutirem na frente dos filhos. É natural que haja divergências na hora de decidir, por exemplo, se é conveniente ou não ir à excursão da escola. Nesse caso, ambos devem decidir a sós e, tomada a decisão, seja ela qual for, diante do filho ou da filha a decisão deve ser dos dois, sem mais discussões e, certa ou errada, ambos assumem a responsabilidade. O mau exercício da autoridade traz graves conseqüências para os filhos, inclusive em sua fase adulta. Um desses desvios de autoridade é o paternalismo, que consiste na figura do “super-pai” ou da “super-mãe”, que são aqueles que fazem tudo para os filhos, por exemplo, têm eles já oito anos e ainda sequer colocam o uniforme da escola sozinhos. Nesse caso, na fase adulta, costumam ser muito indecisos e inseguros. Outro desvio é o autoritarismo, que é o pai ou a mãe extremamente severo, que incute no filho forte temor de modo que se obedece exclusivamente por medo. Nesse caso, costuma-se surgir dois tipos de conseqüências. Uma delas é que surjam filhos hipócritas, ou seja, como estão acostumados a obedecer apenas por medo, pensam que podem fazer qualquer coisa errada, conquanto que não o descubram. Outra conseqüência desse mau uso da autoridade é que os filhos sejam submissos, dependentes dos pais, mesmo na fase adulta e já com família constituída. Um terceiro mau uso da autoridade é o permissivismo, que consiste em permitir tudo, pois dizer muito “não” vai traumatizar, pensam. Nesse caso, na verdade, os filhos não se sentem amados, pois a mensagem que se passa é que não gostam deles, por isso que tudo permitem. A conseqüência dessa educação desleixada é que os filhos cresçam sem valores perenes, com sérias dificuldades de assumirem compromissos duradouros, tanto na vida familiar, como na profissional. Soube da história de um garoto que, durante uma viagem com os colegas de escola para um acampamento, queixava-se com o professor de que seus pais não lhe davam liberdade, que dependia da autorização deles para quase tudo. Esse bom professor deu ao aluno uma brilhante lição, que merece ser contada: “Seus pais não permitem que você faça tudo o que quer porque o amam. Veja esse pequeno riacho, em sua nascente, uma margem é bem próxima da outra. É o que ocorre com uma criança pequena, de tudo dependem dos pais. O riacho, conforme vai avançando, as suas margens vão ficando cada vez mais distantes, até que deságüe no mar, onde não há mais margens. Assim deveriam os pais fazer com os filhos. A autoridade dos pais é a margem dos rios que permite que cheguem ao destino. Quanto maior o rio, mais distantes as margens, quanto maior e mais responsável o filho, maior pode ser a sua autonomia. E veja, que bom que é a margem, imagine o que seria do rio sem ela? Veja aquela parte do rio em que a margem é menos resistente, parte da água caiu para fora e apodrece à beira do rio, não chegará no mar. Assim acontece com os filhos que possuem pais fracos, que não desempenham a obrigação de exercer a autoridade: deixam seus filhos perdidos nas ribanceiras do mundo, não chegam ao mar". |
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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC. e-mail: fabiohptoledo@gmail.com Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/ Publicado no Portal da Família em 23/11/2009 |
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