Esse bem humorado artigo foi originalmente publicado no site O Catequista em 01/11/2012 com o título "Católicas na praia e na piscina, com recato, sem vacilação", e o estamos publicando aqui porque traz boas reflexões sobre como se vestir na praia com moderação.
A leitora Mariele quer saber “se pode ou não usar biquíni em praia“. Antes de partir pra resposta, recomendo que, quem não leu, leia o post “ Jovens católicas, valorizem suas curvas! “, que explica a doutrina da Igreja, ou seja, os critérios que devemos usar na hora de comprar roupas e nos vestir.
Meninas, vamos deixar um pouco de lado este papo de “pode ou não pode”; não é este o caso aqui. Temos sensibilidade e cuca pra pensar! Pra ajudar na reflexão, proponho agora algumas perguntas. Respondam com sinceridade:
- diante do que a Igreja nos pede – pudor, recato e modéstia – lhe parece adequado usar biquíni, uma peça que expõe a sua virilha, as suas costas, a sua barriga e, na maioria das vezes, uma parte do seu bumbum e dos seios, tudo ao mesmo tempo?
- um maiô que deixe boa parte do seu fiofó à mostra expressa recato?
- é tranquilo deixar o bumbum à mostra em público, até pra gente estranha?
- alguma vez na vida, antes de vestir o biquíni, você já teve aquela sensação de “putz, vou ter mesmo que aparecer assim diante do pessoal da escola/faculdade/trabalho/igreja?”
Vou dar a minha opinião, e serei direta: usando um tanquíni com calcinha grandinha (como o da foto ao lado) as meninas e mulheres ficam bem mais recatadas do que com um biquíni ou com um maiô comum, daqueles cavados atrás.
Desde criança, eu pensava que era estranho todo o mundo achar normal ficar de calcinha e sutiã na praia (sim, o biquíni nada mais é do que um conjunto de calcinha e sutiã, só muda o tecido). Mas o condicionamento cultural falava mais alto, e eu fazia como todos. Lá pelos 17 anos, passei a usar um modelo de biquíni com a parte de baixo em formato de shortinho, e já me sentia bem melhor só pelo fato de cobrir o forévis.
Um dia, vi um tanquíni lindo numa vitrine; comprei e comecei a usar logo. Me senti mais “protegida”, decente e bonita com ele. Foi assim que abandonei o biquíni. |
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O tanquíni - composto por um shortinho e uma camiseta top – pode ser uma boa solução para nós brasileiras, que praticamente não conseguimos encontrar nas lojas maiôs que cubram todo o bumbum. Outra ideia é colocar por cima de um maiô comum um short de lycra ou tactel.
Já vi alguns blogs católicos dizerem que é indecente mostrar o colo e as coxas em qualquer ocasião, mesmo na praia. Bem, observo que o Beato João Paulo II tinha uma visão um tanto mais flexível sobre isso. Quando ainda era bispo, Karol Wojtyla publicou um livro chamado “Amor e responsabilidade”. Ali, ele diz que não é contrário ao pudor usar roupa de banho na praia. Porém, a mesma roupa de banho, por revelar uma “nudez parcial”, seria indecente se usada no meio da rua. |
Mas que tipo de traje de banho ele tinha em mente quando escreveu isso? Biquíni asa delta, certamente, não era! Também não deveriam ser trajes com mangas e cobrindo os joelhos (reparem que ele falou em “nudez parcial”). Em 1960 - quando o livro do futuro papa foi publicado – as mulheres, em geral, frequentavam as praias/piscinas vestidas assim: |
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Seguindo a linha de pensamento do bispo Wojtyla, tenho a consciência tranquila ao sugerir a vocês o uso do tanquíni (ou maiô comum com short por cima), que é equivalente a esses modelos 60′s.
Algumas pessoas levantam e hipótese de Wojtyla ter se equivocado nesse ponto… tudo bem. Afinal, não se trata de nenhum artigo infalível (nem papa ele era nessa época). Mas, a mim, a opinião do JP II parece muito razoável.
O que não me parece razoável é que leigos – que se fazem “guardiões da fita métrica di Zizuiz” – saiam por aí pregando que o único padrão aceitável de modéstia feminina na praia/piscina é se cobrir tanto como quem vai para uma missa. Segundo alguns blogs, as únicas banhistas recatadas do universo são aquelas que aderem a um PADRÃO DE MODÉSTIA DE 100 ANOS ATRÁS. Sim, porque em 1920 já era raro ver mulheres cobrindo os joelhos e ombros nas praias, e a partir de 1930 quase todas mostravam as coxas.
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Apesar de não ver no biquíni uma boa opção, acho tolice demonizá-lo. Essa moda está tão entranhada e é tão bem aceita na nossa cultura, que atacá-la furiosamente (como fazem algumas blogueiras católicas) equivale a chegar numa tribo indígena, onde a nudez é normal, e chamar todo o mundo de despudorado. Isso não é evangelizar, é dar tiro no pé! Alguns maus costumes precisam ser atacados com o chicote; outros, no entanto, são superados mais facilmente por meio de um diálogo franco, sereno e ponderado, sem jamais recuar sobre as verdades de fé.
Com intenção sincera de ser fiéis aos ensinamentos da Igreja, mais do que correr atrás de regras, devemos tomar consciência do significado das nossas escolhas, inclusive das roupas de praia/piscina. Estas escolhas quase sempre têm consequências – boas ou más – agora e na eternidade. Ao frequentar qualquer ambiente, não esqueçamos jamais de quem somos e a quem pertecemos: o Senhor Jesus. |
Se queres ser perfeito…
É importante notar que há um modo de vida mais exigente, mais favorável ao cumprimento daquilo que Jesus nos pede: “Sede perfeitos…” (Mt 5:48). E, no convite ao jovem rico, Jesus revela qual é o caminho mais próximo da perfeição:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”
(Mt 19, 21)
Não é à toa que, até de modo “intuitivo”, todo o povo católico tem especial reverência pelos sacerdotes, religiosos e religiosas. Isso não significa que a vocação do leigo seja desvalorizada – de modo algum! –, mas é natural perceber na opção de uma vida especialmente consagrada a busca pela aproximação mais radical com o modo de vida de Jesus e de Sua Mãe Santíssima.
Os religiosos e religiosas, justamente por terem sido chamados a ser “sinais” mais eloquentes do testemunho cristão, devem, ao menos em alguns aspectos, viver de acordo com padrões de vida mais estritos, e isso inclui o recato nos trajes. Assim, seria escandaloso que uma freira, por exemplo, entrasse no mar exibindo as suas pernas. As esposas de Jesus curtem as ondas assim, olha que lindas: |
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Não precisa sem nenhum teólogo pra perceber que as nossas religiosas imitam de modo mais perfeito o pudor e a modéstia de Nossa Senhora. Porém, precisamos nos questionar: faz sentido taxar de “imodestas” as mulheres leigas que não frequentam as praias com o mesmo padrão de recato de uma freira?
Santa Gemma Galgani, por exemplo, tinha um zelo tão intenso pela sua pureza que, estando gravemente doente, teve que ser examinada à força por um médico. Ela disse que preferia morrer a deixar que fosse descoberta a sua nudez (a castidade era uma entre as muitas virtudes desta grande mística). Mas isso não significa que são despudoradas as mulheres que, apesar de sentirem algum constrangimento, se deixam examinar sem resistência pelo médicos.
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Ao ler certos blogs católicos, algumas jovens passam a se sentir verdadeiras assistentes do capiroto. É terrível quando perdemos a noção de pecado, mas o excesso de escrúpúlos (ver pecado onde não tem) também é danoso para a alma. Uma coisa é indicar os exemplos de virtude elevada; outra coisa é dizer que quem não segue rigorosamente aquele modelo está contrariando a moral católica.
Então, em vez de gastar seu tempo e energia em buscar se livrar dos verdadeiros pecados – aqueles que realmente tornam a nossa vida, aqui e depois, um Inferno – muitas mulheres são levadas a ter como foco da sua espiritualidade a quantidade de pano que usam. Não me entendam mal: não estou desprezando a importância do pudor nas vestes de praia (estaria sendo incoerente com o que disse antes, além de contrariar o Sagrado Magistério), mas afirmo que há coisas que precisamos “praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante” (Mt 23, 23). |
Sejamos recatadas sim, sempre e em todo lugar! Mas façamos isso com graça e naturalidade, SEM AFETAÇÃO. E, acima de tudo, com humildade. Se eu chegasse à conclusão de que o correto mesmo é ir à praia coberta do pescoço aos pés, iria na boa, sem drama. Isso seria fácil! Duro mesmo é me livrar dos espinhos que tantas vezes fustigam a minha alma – a impaciência, o egoísmo, a ingratidão, a preguiça (vou parar aqui pra não perder a moral)…
Como você deve ter notado, cada blog católico diz uma coisa diferente sobre essa questão. Diante de tantas discordâncias, não se aflija: siga o conselho do Papa Bento XVI aos jovens e procure “bons mestres, guias espirituais que saibam indicar-vos o caminho para a maturidade, pondo de lado o que é ilusório, aparência e mentira”. Blogs não substituem o papel de um bom diretor espiritual; podem, no máximo, te ajudar a colher informações e a refletir. Mas cristianismo de verdade é olho no olho!
Meninas, me despeço com uma dica final: pelamor de Santa Isabel Channel e pela honra de São Jorge Dior, NÃO USEM MAIÔ DE CRENTE!!! Já vi alguns blogs católicos (das Árábias???) recomendando o uso dessa coisa feia aí da foto ao lado, mas só pode ser sacanagem. Em vez de atrair as pessoas para Cristo, vamos espantar, é sério. Vestida assim, é até perigoso entrar no mar: corre o risco de Iemanjá levar a mulher, pensando que é oferenda.
Mergulha numa piscina de água benta misinfi, pra exorcisar. Exú da Cafonice Aguda, saia desse corpoooooooo! |
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