Portal da Família
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Presente de Natal |
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Fábio Henrique Prado de Toledo |
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Em uma viagem que fiz há poucos anos com a família, após insistentes pedidos de um filho “Pai, posso comprar isso”, “Pai compra aquilo”, já sem paciência, soltei uma bronca: “Você está proibido de conjugar o verbo ‘comprar’ por hoje!”. Passados alguns minutos, talvez percebendo que a cara de irritação do pai havia passado, voltou a insistir: “Pai, posso trocar dinheiro por aquela lembrancinha?”. Foi inútil o esforço por não rir. E em breve todos caímos numa gargalhada. Alguns dias após, perguntei-lhe por que motivo insistia tanto em comprar aquelas bugigangas. E então ele respondeu: “É que quando estamos passeando, vejo as coisas e penso nos meus amigos, nos meus irmãos, e fico imaginando que pudessem gostar daquele objeto”. Confesso que fiquei desconsertado, principalmente porque já havíamos retornado e não podia mais aceder aos seus pedidos, fortemente marcados pela generosidade daquele coração de criança. Esse fato me fez recordar outro, que ainda que por via oposta, talvez nos remeta a um mesmo ponto de chegada. Eu dizia a um grande amigo, desses que sempre tem um bom conselho para cada situação, que não gosto de comprar presente, pois tenho uma dificuldade terrível para escolher. Mais ainda, só de pensar que tenho de ir a uma loja para essa finalidade, isso me dá nos nervos. A sua resposta, cheia de sabedoria, merece ser transcrita. Disse ele mais ou menos o seguinte: “É compreensível que umas pessoas tenham mais facilidade que outras para dar presentes. Que uns se lembrem mais que outros das datas especiais e comemorativas. Que uns se dediquem mais que outros a telefonar para os pais, parentes, amigos e filhos. Que uns visitem mais os doentes e os aflitos que os outros etc. Porém, por detrás de desculpas do tipo ‘não levo jeito para presentear’, ‘não gosto de falar ao telefone’, ‘sou muito distraído ou esquecido’ ou ‘não me apetece fazer visitas’, pode se esconder uma personalidade egoísta que, precisamente por não pensar nos outros e ficar habitualmente pensando somente em si próprio, depara-se com uma terrível dificuldade nesses momentos”. Estou certo de que tinha toda razão. De fato, por que não nos esquecemos do horário do esporte de que mais gostamos, ou daquela confraternização com os amigos? E, por outro lado, quantas vezes aquilo que a esposa (ou o marido) nos pede, muitas vezes fica para um terceiro ou quarto plano, de modo que o máximo que lhe fazemos é repetir: “Puxa, desculpe-me, esqueci!”. É costume muito antigo presentearmos aqueles a quem amamos no Natal. E penso ser uma prática muito saudável. Não se trata de estimular um consumismo exagerado, nem de criar aflições quando nos faltam os recursos para isso. Na verdade, uns dos iniciadores desse costume, os pastores que primeiro receberam a grande notícia do nascimento do Menino, na sua pobreza e simplicidade, teriam presenteado com o que possuíam: queijo, manteiga, talvez uma pequena ovelhinha... E esse pequeno gesto externo é o transbordamento de um coração enamorado. Talvez muitos casais se lembrem com muita ternura dos presentes que trocavam na época de namoro. Por vezes eram objetos muito simples, mas que adquiriam um valor enorme precisamente pelo amor encarnado nesse gesto. Oxalá não se perca, com os anos de vida em comum, costumes como esses, aptos a manter cada vez mais jovial o amor conjugal. É Natal! Que os presentes que nesta noite trocamos sejam na verdade um ato exterior que aponte para um propósito interior: de fazermos da nossa vida uma doação desinteressada aos demais. Quando damos algo a alguém, perdemos aquele objeto que o outro recebe. Quando nos doamos a nós próprios, notamos então o grande paradoxo do amor, pois não nos perdemos, mas nos encontramos e recuperamos a nossa verdadeira identidade. E, com ela, também a felicidade, tão intensa e sincera que nada nem ninguém nos poderá arrancá-la. A todos um Feliz e Santo Natal! |
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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC. e-mail: fabiohptoledo@gmail.com Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/ Publicado no Portal da Família em 30/11/2013 |
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