Portal da Família
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“Rolezinhos” |
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Fábio Henrique Prado de Toledo |
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Tem ganhado notoriedade os chamados “rolezinhos”, definidos pela mídia como uma grande concentração de jovens, agendada previamente nas chamadas redes sociais. No ano passado, nesta coluna, falamos sobre o medo que os jovens e adolescentes do nosso tempo suscitam em seus pais e educadores em geral. A mesma situação se repete agora. Recentemente, o Secretário da Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula, numa entrevista, após afirmar que a Prefeitura de São Paulo está buscando a intermediação entre os integrantes dos movimentos e as associações de Shoppings Centers, proferiu a seguinte frase: “Eles [os jovens] não quiseram uma relação institucional. Eles não querem ir à Prefeitura. Querem que a gente os encontre no local em que eles determinarem”. É bem isso mesmo que estamos vivenciando: os garotos impõem a um Secretário Municipal o local em que querem ser atendidos e a autoridade pública se curva docilmente diante deles. Não estamos a sustentar que se devam promover reações violentas, nem que a solução esteja na repressão policial. Simplesmente constatamos um fato: temos medo dos nossos jovens. Para reverter essa situação, além do adequado exercício da autoridade, que mencionamos anteriormente noutro artigo (Medo dos Jovens), penso que devemos considerar outro aspecto: quais alternativas esses jovens possuem para preencher o seu tempo? O bom educador sempre sabe dizer o não sob a forma de um sim. Ou, dito de outro modo, ao se fechar uma porta, deve ao menos apontar para outras melhores. Quando os nossos filhos e alunos são ainda pequenos já podemos iniciar esse treino. Por exemplo, se a criança se aproxima para pegar uma faca, ou alguns outros objetos perigosos ou que podem se quebrar, muito mais eficaz que ficar repetindo a todo tempo “NÃO”, é melhor pegá-lo(a) no colo, fazer-lhe um carinho e propor um brinquedo interessante e não perigoso. Quando eles crescem, essa mesma atitude passa a ser muito mais desafiadora, mas não menos interessante. Assim, quando eles recebem um convite via Facebook para um “Rolezinho”, não basta dizer que isso é perigoso, que pode haver briga, tumulto ou que podem se machucar. Nesse momento, o educador deve ter a sabedoria de propor algo mais interessante do que participar de atividades propícias para causar mal para si mesmos e transtornos para os demais. Há poucos dias conversei com um garoto que havia participado de um desses acampamentos de férias por uma semana. Quando ele me contou a programação fiquei perplexo: acordavam por volta das 7:30, tomavam café-da-manhã, recebiam uma palestra de formação e, por volta das 9:30, iniciavam um trabalho social, que consistia em ajudar na reconstrução de uma capela e fazer visitas a famílias carentes de um bairro rural. O trabalho muito se assemelhava ao de assistente de pedreiro, de pintor etc. Retornavam por volta das 16:00, quando então tinham atividades de lazer: futebol, piscina, bate-papo após o jantar e, evidentemente, uma saudável bagunça noturna. Ao perguntar-lhe se havia gostado, respondeu simplesmente: “Gostei muito! Foi cansativo, mas ver o resultado do nosso trabalho foi muito legal!”. É isso. O trabalho enobrece e dignifica a pessoa em todas as idades. É claro que o jovem e o adolescente devem ter o estudo como principal atividade laboral, sem prejuízo do lazer, do esporte etc. Porém, saber se doar aos demais em tarefas que custam esforço estimula neles a generosidade, que por sua vez é fonte de intensa alegria e satisfação. E, depois, nada contra uns “roles” que façam com os amigos, com respeito aos demais e sentido de responsabilidade. |
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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC. e-mail: fabiohptoledo@gmail.com Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/ Publicado no Portal da Família em 06/02/2014 |
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