Sífilis congênita, proteja seu bebê

A sífilis adquirida é sexual, com ocorrência na área genital, em quase todos os casos, sendo que o contágio extragenital é raro. A transmissão não sexual da sífilis é excepcional, havendo poucos casos por transfusões de sangue e por inoculação acidental. Mas, na sífilis congênita (adquirida no nascimento), a infecção fetal ocorre por via hematogênica (sangue), em geral a partir do quarto mês de gravidez.

Felizmente, a sífilis congênita é uma das enfermidades com prevenção mais fácil, bastando que a gestante infectada seja detectada e prontamente tratada junto com o(s) parceiro(s).

A sífilis congênita tem como agente etiológico (transmissor) o treponema pallidum que, estando presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sanguínea do feto.

Se o bebê recém-nascido não apresentar a sífilis, deve-se somente acompanhar seu desenvolvimento, mas se o bebê apresentar uma taxa de VDRL (exame realizado através do sangue para detectar a doença) igual ou maior que a da mãe, ele também deve ser tratado com a penicilina. Além do exame VDRL, punção lombar e raio-x dos ossos dos braços e das pernas são importantes para avaliar a gravidade da doença no recém-nascido.

O comprometimento fetal dependerá do grau de doença da gestante, e quanto mais recente a infecção materna mais treponemas estarão circulantes e mais severo será o acometimento no feto.

Existem dois tipos, segundo sua forma de apresentação e o estágio de evolução: sífilis precoce e sífilis tardia.

Sífilis Precoce

Os sinais precoces mais característicos deste tipo de sífilis são a rinite sanguinolenta, o condiloma plano, dermatites e osteocondrites (acometem os ossos).

O choro ao manuseio (por causa da osteocondrite) e a imobilidade do bebê (pseudoparalisia) podem auxiliar no diagnóstico. Algumas das manifestações mais frequentes são:

• Hepatomegalia (aumento do fígado)
• Anormalidades ósseas
• Baixo peso (menor que 2500g)
• Lesões cutâneas
• Pneumonia
• Anemia severa
• Esplenomegalia (aumento do baço)
• Paralisia dos membros
• Pancreatite

Sífilis Tardia

Auxiliam no diagnóstico os seguintes sinais: ceratite intersticial, surdez neurológica e a dificuldade no aprendizado. Ceratite intersticial é uma condição grave em que os vasos sanguíneos crescem na córnea, o que pode causar perda de transparência (clareza) desta norma. Esta condição é frequentemente causada por infecções e podem causar graves problemas visuais.

Algumas das manifestações mais frequentes da sífilis tardia são:

• Mandíbula curva
• Nariz em cela
• Tíbia em sabre
• Tríade de Hutchinson: dentes de Hutchinson, ceratite intersticial, lesão do VIII nervo

Em virtude do exposto, torna-se imprescindível o pré-natal e o acompanhamento durante toda a gestação. O exame para sífilis faz parte dos exames de sangue de rotina no pré-natal. Se seu médico não tiver solicitado, peça para ele. Esse cuidado é fundamental para evitar a transmissão de doenças como a sífilis da mãe para o filho.

Rebeca Batista da Silva é enfermeira intensivista (Coren-SP 171720), graduada em enfermagem pela Universidade de Pernambuco-UPE e pós-graduada (Especialista) em UTI neonatal e pediátrica.

e-mail: becabatista@yahoo.com.br

Publicado no Portal da Família em 05/03/2015

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