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Auto-avaliação das virtudes humanas

RESPEITO

Descrição operativa (como funciona)

"Atua ou deixa atuar, procurando não prejudicar nem deixar de beneficiar-se a si próprio nem aos demais, de acordo com seus direitos, com sua condição e com suas circunstâncias."

A MANEIRA PESSOAL DE VIVER O RESPEITO

1. Habitualmente consigo um ambiente de compreensão e de aceitação na família ou na classe.

(Este ambiente está baseado em um conjunto de pequenos detalhes. Por exemplo, escutar aos demais com atenção, evitar críticas infundadas, cuidar o tom de voz e gestos que mostram desprezo).

2. Reconheço a possibilidade radical de melhora dos demais.

(O contrário é a tendência a "rotular" aos demais, mostrando que este julgamento é permanente. Por exemplo, que um filho/aluno não é confiável ou que outro sempre será inútil no estudo).

3. Tenho claro que as coisas estão a serviço das pessoas, e portanto não têm direitos.

(Trata-se de cuidar das coisas para que as pessoas possam aproveitá-las. Por exemplo, não permitir o uso de algum objeto por medo a que um jovem possa danificá-lo - ainda que haja recebido uma instrução adequada de seu uso - não é mostrar respeito por esse objeto, mas, ou melhor, uma falta de respeito para com o jovem).

4. Atuo habitualmente com a idéia clara de querer beneficiar aos demais.

(O falso respeito leva à pessoa a não beneficiar aos demais porque não quer "meter-se" na vida alheia, ou porque não quer receber alguma resposta brusca do outro).

5. Tento não atuar quando creio que, mediante a ação, posso prejudicar a outra pessoa.

(Existem ocasiões em que não seria prudente tentar influir sobre outra pessoa. A ação poderia causar mais danos que benefícios).

6. Reconheço que diferentes pessoas requerem ser tratadas de maneiras diferentes e, portanto, ser respeitadas segundo suas condições e circunstâncias.

(Uma pessoa doente e fraca requer ser respeitada de uma maneira diferente de outra que dispõe de força, vontade, e saúde. Deve-se respeitar ao professor de um modo diferente que a um familiar).

7. Antes de atuar em relação com outra pessoa, consigo a máxima informação possível sobre sua situação.

(Desta maneira será possível atuar no momento oportuno e ajustar a ação às necessidades reais dessa pessoa).

8. Trato a todos com o respeito que merecem.

(A todos como filhos de Deus, e aos próprios pais, aos colegas, aos amigos, às autoridades civis, etc. de acordo com a dignidade que lhes corresponde).

9. Nas conversações com os demais, evito os julgamentos generalizados, as críticas indiscriminadas e, em geral, os preconceitos de qualquer tipo.

(Nas conversações, se podem notar com bastante clareza determinados tipos de falta de respeito. Também se nota as pessoas que preferem calar-se se não têm nada positivo que dizer).


10. Penso na melhor maneira de ajudar aos demais, reconhecendo que não existem "receitas mágicas" que servem para todos.

(Uma "receita", de fato, mostra que consideramos a todos por igual. Por exemplo não costuma ser útil - e inclusive pode ser uma falta de respeito - pretender impor a outro algo que fazemos em nossa própria família).

A EDUCAÇÃO DO RESPEITO

11. Ajudo aos pequenos a respeitar a propriedade alheia e a regras do jogo em geral.

(Isto requer exigência perseverante por parte dos educadores. As crianças pequenas não reconhecem o conceito abstrato do respeito, mas podem desenvolver hábitos relacionados com a virtude).

12. Reconheço o direito dos filhos/alunos a possuir suas próprias posições e lhes ensino a distinguir entre o que é propriedade privada e propriedade de uso comum.

(Em algumas famílias ou colégios existe uma tendência a estabelecer todas as coisas como propriedade comum, pensando que isto pode desenvolver a solidariedade. Entretanto, a pessoa tem o direito de adquirir e possuir bens. Procuramos um equilíbrio entre posses particulares e posses de uso comum).

13. Ensino aos pequenos a não provocar desgostos aos demais, tirando-lhes suas coisas, quebrando ou sujando sua propriedade ou tratando a eles com pouca consideração.

(A criança pode reconhecer esta emoção de desgosto nos demais e, portanto, pode ser um motivo adequado para atuar adequadamente quanto ao respeito).

14. Raciocino com os filhos/alunos com a finalidade de que se dêem conta de que as pessoas são diferentes e que há que atuar de uma maneira diferente com cada uma.

(Isto significa explicar-lhes que há uma maneira de atuar com seus pais, outra com seus professores, outra com seus amigos, outra com desconhecidos etc).

15. Chamo a atenção aos filhos/alunos para que se dêem conta de que é uma falta de respeito criticar aos demais, falar mal deles por trás ou desprezá-los.

(São condutas freqüentes, mas muito menos naqueles/as meninos/as que convivem com adultos que dão um bom exemplo neste sentido).

16. Ajudo aos jovens a reconhecer o respeito devido a seus irmãos/ãs e colegas, a sua intimidade, a suas posses, a seu direito a uma boa reputação.

(O respeito é especialmente difícil em grupos em que não se pode escolher as pessoas com as quais se tem que relacionar. É o caso da família ou da classe).

17. Ajudo aos jovens a descobrir como podem influir negativamente nos demais aproveitando suas emoções ou o fato de terem uma idade superior.

(Por exemplo, às vezes os meninos aproveitam da sensibilidade emocional das meninas para conseguir seus objetivos. Também os irmãos mais velhos têm uma tendência de "aproveitar-se" dos irmãos menores).

18. Ensino aos jovens a reconhecer os perigos que existe em relação com possíveis faltas de respeito.

(Na educação, raramente nos encontramos com procedimentos inovadores para conseguir nossos objetivos. Com os jovens, é necessário raciocinar, dando-lhes uma informação clara, curta e concisa sobre o tema que nos interessa explicar).

19. Falo com os jovens de tal maneira que compreendam que devem respeitar a seus pais durante toda a vida.

(Devem obedecer-lhes enquanto vivam sob o mesmo teto, ou enquanto sejam menores, ainda que não vivam sob o mesmo teto).

20. Consigo que os jovens não empreguem palavras injuriosas, que não tenham uma atitude desprezível para determinados tipos de pessoa e que não tratem mal a pessoa alguma.

(Apesar de que queremos enfocar a educação positivamente buscando situações em que os jovens tratem aos demais com autêntico respeito, também é necessário prevenir algumas atuações que, de fato, refletem faltas importantes de respeito para com os demais).

 Como proceder à auto-avaliação


No texto encontram-se uma série de questões para reflexão, divididas em duas partes:

1) o grau em que se está vivendo a virtude pessoalmente .

2) o grau em que se está educando aos alunos ou aos filhos na mesma virtude.

Com respeito a cada questão, situe a conduta e o esforço próprio de acordo com a escala:

5. Estou totalmente de acordo com a afirmação. Reflete minha situação pessoal.
4. A afirmação reflete minha situação em grande parte mas com alguma reserva.
3. A afirmação reflete minha situação em parte: Penso "em parte sim e em parte não".
2. A afirmação realmente não reflete minha situação ainda que seja possível que haja algo.
1. Não creio que a afirmação reflete minha situação pessoal em nada. Não me identifico com ela.

Podem-se comentar as reflexões próprias com o cônjuge ou com algum companheiro e assim chegar a estabelecer possíveis aspectos prioritários de atenção no desenvolvimento da virtude a título pessoal ou com respeito à educação dos filhos ou dos alunos. É provável que se descubram muitas possibilidades de melhoria, mas trata-se de selecionar nada mais que uma ou duas, com a finalidade de tentar conseguir a melhora desejada.

As reflexões apresentadas não esgotam o tema, mas dão um ponto de partida para uma auto-avaliação.

 

Extraído do livro "Auto-avaliação das virtudes humanas", de David Isaacs.


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