Descrição operativa (como funciona)
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"Reconhece o valor de sua
intimidade e respeita a dos demais. Mantém sua intimidade protegida
de estranhos, repudiando o que pode prejudicá-la e a descobre unicamente
em circunstâncias que sirvam para a melhora própria ou alheia"
A MANEIRA PESSOAL DE VIVER O PUDOR
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1. Reconheço o valor de minha intimidade e dos diferentes aspectos
que a compõem: a alma, partes do corpo, os sentimentos, os pensamentos.
(Só se pode fazer bom uso do que alguém conhece e aprecia.
Se não se dá importância aos sentimentos ou pensamentos
próprios, por exemplo, uma pessoa pode terminar compartilhando-os
com qualquer pessoa em qualquer momento).
2. Entendo que, às vezes, é preciso guardar a intimidade
própria e, às vezes, convém compartilhá-la
com outro. Quando compartilho minha intimidade, o faço pensando
no bem que pode resultar para outra pessoa e/ou o bem previsível
para si próprio.
(Se refere à possibilidade de compartilhar experiências pessoais
íntimas ou problemas pessoais buscando uma ajuda para superá-las,
por exemplo).
3. Guardo e protejo os aspectos íntimos de meu ser com o fim
de usar bem o que Deus me deu e com o fim de realizar minhas ações
para a glória de Deus.
(As vezes se seguem condutas ou costumes relacionados com o pudor cegamente,
sem saber o por que. Isto pode produzir pessoas escrupulosas ou, simplesmente,
egoístas).
4. Sou capaz de estar a sós comigo mesmo sem ruído e
sem atividade, e também busco estes momentos com certa freqüência.
(O silêncio produz as condições adequadas para refletir
e conhecer-se melhor. A vida atual tende a complicar-se tanto que é
necessário prever estes momentos de um modo consciente).
5. Antes de falar ou de atuar, tento reconhecer as necessidades reais
das pessoas em meu entorno, com o fim de saber se convém compartilhar
algum aspecto de minha intimidade com elas. Quando parece oportuno, o
faço sem pensar em que grau a própria imagem pode ficar
modificada frente a essa pessoa.
(Está claro que é necessário pensar antes de lançar-se
a contar aspectos da própria intimidade. Mas, trata-se de fazê-lo
se cremos que pode fazer bem a outro. Às vezes não o fazemos
porque não queremos que a outra pessoa modifique a impressão
boa mas um pouco falsa que tem de nós).
6. Compartilho minha intimidade com alguma pessoa de confiança
com o fim de receber a ajuda que necessito para crescer.
(Isto é especialmente evidente na vida espiritual e é um
dos fins do sacramento da Confissão. Entretanto, há outros
aspectos da vida em que convém contar com o cônjuge, um bom
amigo ou com algum profissional competente).
7. Me preocupo de conseguir que exista uma adequada distribuição
dos espaços na casa ou no colégio, com o fim de que os membros
possam viver seu direito à intimidade.
(Como seria bom se cada membro da família pudesse dispor de seu
próprio dormitório, ou pelo menos de um armário.
Também há que cuidar as áreas em que os membros da
família ou do colégio, se vestem ou se despem para mudar
de roupa).
8. Habitualmente me visto sem faltar às normas elementares
de pudor.
(Um critério a seguir poderia ser perguntar se um membro do outro
sexo, em uma situação normal, poderia ser provocado pela
minha maneira de vestir. Não é tanto uma questão
de centímetros quadrados do corpo cobertos, mas da maneira de usar
a roupa e a maneira de andar ou sentar-se).
9. Cuido de minha linguagem habitualmente, com o fim de que não
seja nem vulgar nem grosseira. E muito menos utilizando palavras que podem
ofender a Deus.
(Pode ser útil pensar de vez em quando que somos filhos de Deus
e como reagiria esse Pai bom frente a nossa maneira de expressar-nos.
Se somos sensíveis, poderemos notar que outras pessoas sofrem desnecessariamente
quando se utiliza um vocabulário incorreto ou quando se contam
acontecimentos ou anedotas que representam uma ação de violência
frente à intimidade).
10. Possuo paixões fortes, mas as controlo com minha vontade.
(O pudor não significa que a pessoa não deva ter paixões
fortes. Pelo contrário. Se não fosse assim, para viver o
pudor seria necessário ser indiferentes na vida. É necessário
ter paixões fortes, mas dominadas pela vontade, de tal maneira
que as expresso no momento adequado e na presença das pessoas apropriadas).
1. Ajudo aos pequenos a reconhecer quais são
as coisas íntimas que devem cuidar.
(Na maioria dos casos, as crianças pequenas não entenderão
o que é a intimidade em si. A consciência da intimidade não
se desperta até os onze ou doze anos. Entretanto, podemos habituar-lhes
a reconhecer quais são as condutas adequadas com relação
a intimidade de outros).
2. Acostumo aos pequenos a respeitar a intimidade dos demais.
(Se trata de um conjunto de detalhes. Por exemplo: bater à porta
antes de entrar no dormitório de outro; não contar coisas
íntimas de membros da família ou de seus amigos a outros;
saber desligar a tevê quando há programas que podem prejudicar
a intimidade, não andar pela casa despidos).
3. Acostumo aos filhos/alunos a fazer perguntas em particular que
se referem a aspectos do pudor.
(Cada menino/a tem necessidades diferentes e , portanto, necessita de
respostas diferentes).
4. Pais: Dou uma educação sexual a meus filhos, adaptada
às necessidades de cada um, de uma forma natural, e com delicadeza.
Professores: Tento conseguir que os pais se ocupem da educação
sexual de seus próprios filhos, e como mal menor atender a determinados
alunos a título pessoal.
(É necessário dispor de vocabulário técnico
adequado, tratar o tema como um processo contínuo, e relacionar
o tema com o amor e com a fé).
5. Ajudo aos jovens a dar-se conta das influências que há
na televisão, nas revistas, no cinema, que vão contra o
pudor e a aprender a guardar os sentidos.
(Necessitam reconhecer a importância de proteger sua intimidade.
Se não, não terá sentido guardar os sentidos).
6. Dialogo com os jovens para que se dêem conta de que não
é adequado bisbilhotar aspectos da intimidade dos demais e nem
incentivo-os a vestir-se ou comportar-se contrariamente ao seu próprio
pudor.
(As vezes isto acontece nas relações com pessoas do mesmo
sexo, mas também nas relações sociais com membros
do outro sexo. Chegar a respeitar aos demais requer dar-se conta da dignidade
de cada um como filho/a de Deus).
7. Insisto no uso adequado da linguagem evitando que os jovens utilizem
expressões grosseiras ou vulgares que vão contra o pudor.
(Convém insistir desde pequenos na família e chamar a atenção
sobre a linguagem inadequada usada com freqüência na televisão,
etc.).
8. Explico aos jovens como podem compartilhar seus pensamentos ou
seus sentimentos próprios com outros quando acreditam que, assim,
lhes podem ajudar.
(O pudor ajuda a guardar e proteger a própria intimidade mas não
tira o dever de ajudar aos demais prudentemente, compartilhando algum
aspecto).
9. Acostumo aos filhos/alunos a recorrer à pessoa adequada
para ajudar-lhes a crescer em questões íntimas.
(Isto pode significar: apresentar-lhes a algum sacerdote que lhes pode
dirigir em sua vida espiritual; animar-lhes a falar com algum jovem mais
velho que eles mas com bom critério; ou, simplesmente, que falem
com o cônjuge ou com seu pai ou com sua mãe).
10. Ajudo aos jovens a reconhecer quais são os lugares que
convém não freqüentar se querem cuidar do pudor.
(O ambiente do "o que estão fazendo os demais" pode influir
muito, inclusive naqueles jovens que inicialmente tenham critérios
corretos).
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Como proceder à auto-avaliação
No texto encontram-se uma série de questões
para reflexão, divididas em duas partes:
1) o grau em que se está vivendo a virtude
pessoalmente .
2) o grau em que se está educando aos alunos ou
aos filhos na mesma virtude.
Com respeito a cada questão, situe a conduta
e o esforço próprio de acordo com a escala:
5. Estou totalmente de acordo com a afirmação.
Reflete minha situação pessoal.
4. A afirmação reflete minha situação em grande parte mas com alguma
reserva.
3. A afirmação reflete minha situação em parte: Penso "em
parte sim e em parte não".
2. A afirmação realmente não reflete minha situação ainda que seja
possível que haja algo.
1. Não creio que a afirmação reflete minha situação pessoal em
nada. Não me identifico com ela.
Podem-se comentar as reflexões próprias com o
cônjuge ou com algum companheiro e assim chegar a
estabelecer possíveis aspectos prioritários de
atenção no desenvolvimento da virtude a título
pessoal ou com respeito à educação dos filhos ou
dos alunos. É provável que se descubram muitas
possibilidades de melhoria, mas trata-se de
selecionar nada mais que uma ou duas, com a
finalidade de tentar conseguir a melhora desejada.
As reflexões apresentadas não esgotam o tema, mas
dão um ponto de partida para uma auto-avaliação.
Extraído do livro "Auto-avaliação das virtudes
humanas", de David Isaacs.
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