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Wellen de Barros
Coluna "Sala de Concerto"

Só a arte salva a vida

Wellen de Barros

Autobiografia autorizada é o monólogo escrito pelo ator Paulo Betti que divide a direção com Rafael Ponzio.

O local não poderia ser melhor, pois um Teatro pequeno, intimista é o ambiente ideal para se contar a própria vida. E que vida!

Sem artifícios dramáticos Paulo escreve um texto altamente instigante, um menino, filho de imigrantes italianos, de pais analfabetos, criado entre arados de terra, plantio e colheita para o sustento da família, cuja mãe o ensinou a passar roupa no ferro ainda de querosene, com direito à luz de lampião.

O espetáculo começa com uma espécie de “permissão” aos santos e rezas que ele “aprendeu” desde muito cedo com sua mãe. Uma benzedeira de uma fé inquebrantável. Dona Adelaide – nome de sua mãe, era muito solicitada e benzia a todos que a procurassem, erisipela, quebranto, mau olhado, espinhela caída, Ar e todo e qualquer mal.

Uma oração forte para abrir os caminhos é de grande impacto para o começo dessa viagem.

O temporão de uma família de 15 irmãos, sua mãe tinha 45 anos, o que causou grande preocupação para vir ao mundo, parto difícil que levou 3 dias – ali já começava a arte de Paulo Betti.

Um texto sem pieguice e nenhuma pretensão – acredito eu por acompanhar sua carreira, mesmo de longe e alguns pensamentos seus, Paulo Betti nesse texto compartilha momentos muito íntimos de sua família, conta com muita dignidade a doença do seu Pai (esquizofrenia) e não esconde a vergonha que isso muitas vezes o causou, afinal, um adolescente de 16 anos, cercado de amiguinhos e namoradinha ver seu Pai, mal vestido na porta do colégio, com uma carrocinha de sorvete, não deveria ser nada fácil. Mas tudo isso é contado com muita naturalidade e se serve desses ingredientes ofertados pela vida para fazer da fraqueza sua força.

Outro fator determinante foi sua curiosidade desde menino em aprender, experimentar sempre coisas novas.

Com o zelo de suas 4 irmãs, o menino Paulo vai caminhando e – tendo estudado em escola pública integral obteve uma formação que fez toda diferença em sua vida.

Esse monólogo, provoca uma reflexão da minha vida, da sua vida, da vida de uma maneira geral pela densidade e delicadeza de como vai sendo conduzido.

Nas palavras da crítica de Teatro Barbara Heliodora que dizia” o teatro é o melhor documentário do ocidente...” de fato. Nesse monólogo passeamos por Menotti Del Pichia no poema “Juca Mulato”, Caetano Veloso “No dia que vim me Embora”, Luis Guimarães Jr. No poema “Como a ave que volta ao ninho antigo”, Ochelsis Laureano no poema “Capim Mimoso”.

Um jeito simples de fazer do drama humano arte que transforma, informa e forma.

Feliz Vida! Paulo Betti.

*Só a arte salva vida - Dostoievsky

Paulo Betti em Autobiografia Autorizada - credito Mauro Kury

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Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com).

E-mail: wellenmbarros@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 05/05/2015

 

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