Portal da Família
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João Eduardo Bastos Malheiro de Oliveira Afinal, qual é a alma da escola que queremos vislumbrar para este século? Sou da opinião de que algumas políticas educacionais presentes estão orientando a formação dos professores e suas práticas pedagógicas apenas para satisfazer a dimensão terrena dos alunos – isto é, ocupar um espaço no mercado de trabalho – desprezando outras mais elevadas. Desde os tempos mais remotos, a tarefa de educar sempre objetivou em primeiríssimo lugar que o aluno fosse uma pessoa humana completa, integrando dimensões racionais, volitivas, afetivas, sociais e espirituais. Nunca poderemos esquecer, como apontaram diversos filósofos antigos – como Aristóteles, em “Ética a Nicômaco” – e atuais – como MacIntyre, em “Animais racionais dependentes: Por que o ser humano precisa de virtudes” – que o Homem é um animal racional e dependente dos outros. Tem alma e corpo, e está destinado a ser feliz somente na harmonia consigo mesmo e com os demais. Para isso precisa educar tanto a alma quanto o corpo. Ninguém se realiza conseguindo apenas um emprego, por mais qualificado e prestigioso que seja. O aluno precisa descobrir, já na escola, que há uma dimensão ética profunda na realização de seu futuro trabalho, que o levará a amadurecer ao longo da vida e a viver feliz. Não basta, portanto, apenas produzir “ciência sem consciência”, como ocorre hoje em tantos campos do saber ou, o que é pior, trabalhar pensando apenas na remuneração financeira como um fim em si mesmo. Este processo difícil e demorado de formação ética é algo que deve ser priorizado tanto na educação familiar quanto na escolar, especialmente nos dias atuais. O descuido com este aspecto essencial da educação é o que está causando a morte da “alma” da escola e, consequentemente, da dos pais, professores e alunos. Parece que, atualmente, as escolas estão muito preocupadas com o seu “corpo” – boas instalações, computadores, esportes, viagens, aprovação no vestibular, sucesso acadêmico e econômico a todo o custo –, mas estão desprezando a “alma”. Fica fácil intuir, portanto, porque muitos sistemas educacionais estão em processo de putrefação. Infelizmente, é o que acontece na grande maioria das escolas brasileiras, sejam públicas ou particulares. Os alunos que se formam saem dos colégios inanimados, porque não foram formados nessa dimensão ética e transcendental. Muitos conseguirão sucesso acadêmico e profissional, mas não conseguirão responder a questões essenciais da vida: Para que existir? Para que trabalhar? Para que sofrer? Para que morrer? Para que amar? Por que viver as virtudes é necessário para alcançar a felicidade? O livro quer convidar o leitor nos seus 25 artigos à reflexão acerca de temas em torno da necessidade de ressuscitar a alma da escola. Esta, sem dúvida, deve ser uma responsabilidade primeiríssima da família, junto com a escola. Tudo indica que é preciso resgatar uma educação mais personalizada, que considere cada pessoa como única no universo, e educá-la a partir daí, ensinando-lhe a vivência das virtudes que a capacitem para o outro. Victor García Hoz, pedagogo espanhol, define como objetivo central da Educação Personalizada “a capacitação do sujeito para formular e realizar seu projeto pessoal de vida”. A educação personalizada apoia-se na consideração do ser humano como pessoa única, e não simplesmente como um ser que reage ao estímulo do meio. Publicado no Portal da Família em 26/11/2010 |
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