Portal da Família

O site para pais, mães, filhos, cônjuges, vovô e vovó, tios, sogras, amigos e todos que promovem a Família e a Vida

Política de Privacidade
Abstinência sexual: uma escolha

Abstinência sexual: uma escolha

Cartoon by Michelle Phillips

O que é abstinência?

Abstinência é escolher não fazer sexo.

Como funciona a abstinência?

A abstinência é a forma mais simples de controle de natalidade. Se duas pessoas não fazem sexo, o esperma não pode fertilizar um óvulo e não há possibilidade de gravidez.

Alguns métodos de controle de natalidade funcionam melhor que outros. A maneira mais eficaz de prevenir a gravidez é a abstinência.

Outras formas de controle de natalidade:

- dependem de barreiras que impedem que o esperma chegue ao óvulo (como preservativos ou diafragmas),

- interferir no ciclo menstrual (como as pílulas anticoncepcionais)

Com a abstinência, não são necessárias barreiras ou comprimidos.

Uma pessoa não precisa ser virgem para praticar a abstinência. Às vezes, alguém que faz sexo decide parar de fazê-lo. Uma pessoa que está fazendo sexo ainda pode escolher a abstinência para prevenir a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) no futuro.

Como funciona a abstinência?

A abstinência é a única forma de controle de natalidade que sempre impede a gravidez. Praticar a abstinência garante que uma garota não engravide porque não há chance de o esperma fertilizar um óvulo.

Muitos outros métodos de controle de natalidade têm boas taxas de sucesso se usados adequadamente, mas podem falhar ocasionalmente. Quando não usados adequadamente, a taxa de fracasso aumenta consideravelmente.

A abstinência ajuda a prevenir doenças sexualmente transmissíveis?

A abstinência protege as pessoas contra doenças sexualmente transmissíveis do sexo vaginal. Mas as DSTs também podem se espalhar através do sexo genital oral, sexo anal ou até mesmo contato íntimo pele a pele sem penetração real (por exemplo, verrugas genitais e herpes podem se espalhar dessa maneira).

A abstinência completa é a única maneira de garantir proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. Isso significa evitar todos os tipos de contato genital íntimo. Alguém praticando abstinência completa não tem nenhum tipo de contato sexual íntimo, incluindo sexo oral. Portanto, não há risco de contrair uma DST.

A abstinência não evita infecções por HIV / AIDS, hepatite B e hepatite C que podem se espalhar por atividades não sexuais, como o uso de agulhas contaminadas para tatuar ou injetar drogas ou esteroides.

Quem pratica a abstinência?

Não fazer sexo pode parecer fácil porque não está fazendo nada. Mas a pressão dos colegas e outras coisas podem dificultar a decisão de praticar a abstinência. Se parece que todo mundo está fazendo sexo, você pode sentir que também precisa.

Mas provocações ou pressões de amigos, namorada ou namorado não devem empurrá-lo para algo que não é adequado para você.

Escolher a abstinência é uma decisão importante - e você deve tomar.

O que mais eu devo saber?

Se você tiver dúvidas sobre como fazer essa escolha ou sobre outros métodos de controle de natalidade, converse com um adulto de confiança. Se você acha que não pode falar com os pais, procure um professor, um conselheiro, um médico ou uma enfermeira da escola que possa fornecer respostas.

Não estou pronto para o sexo, mas estou me sentindo pressionado. Devo ceder?

Eu sou a garota que não quer fazer sexo, mas todo mundo ao meu redor está fazendo isso. Devo desistir? Estou assustada com as DST e não quero desistir da minha virgindade tão cedo (tenho 13 anos). Eu sou a garota estranha e estou cansada disso. Eu acho que meu namorado gosta tanto assim de mim!

- Kamalia (Nome alterado para proteger a identidade da pessoa).

Todos nós desenvolvemos no nosso próprio ritmo - alguns mais cedo, outros mais tarde. Está tudo normal, tudo bem. O importante é prestar atenção ao seu próprio ritmo e respeitá-lo, saber para o que você se sente preparado e o que não. Não há pressa. É bom levar o seu tempo.

Seu bom senso sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) e sexo mostra que você é mais madura do que muitas pessoas da sua idade. É difícil parecer estranho. Mas há outros que se sentem como você, mesmo em uma cidade grande. Encontre amigos com base em seus interesses, amigos com os quais você pode se divertir. Existem garotos e garotas por aí que não estão interessados em se apressar para o sexo (nós sabemos, porque geralmente temos perguntas como a sua!).

Há tempo de sobra para que as coisas aconteçam para você. Ao tomar as coisas no ritmo certo para você, você criará um senso mais forte de respeito próprio e autoconfiança!

Gravidez precoce no Brasil

Segundo a ONU (Organização das Nações unidas) a taxa de gravidez na adolescência no Brasil está acima da média mundial. A taxa de fecundidade no Brasil entre meninas de 15 a 19 anos é de 62 a cada mil bebês nascidos vivos, acima da média mundial que é de 44 a cada mil, segundo o último relatório do Fundo de População da ONU (2019). Ao ano, mais de 430 mil bebês nascem de mães adolescentes no país. Mais de 20 mil meninas com menos de 15 anos engravidam todos os anos.

A gravidez na adolescência é um grave problema social e de saúde pública, causando diversos problemas interligados, como por exemplo o aumento dos casos de evasão escolar, da mortalidade materna, do aborto natural, de nascimento prematuro e problemas financeiros. Muitas garotas e garotos não conseguem voltar para a escola depois de uma gravidez. Também aumentam os casos de famílias disfuncionais (sem a presença do pai) e vulneráveis, abuso de álcool e outras drogas, além de situações de abandono, abuso, violência e a falta de proteção efetiva às crianças e aos adolescentes. Por isso, é necessário conscientizar tanto garotas quanto garotos. É também papel dos jovens homens se responsabilizar por prevenir uma gravidez não intencional ou uma DST.

Quando uma gravidez acontece na fase inicial da adolescência, pode trazer futuras consequências emocionais, sociais e econômicas para a saúde da mãe, do pai e do recém-nascido. Esta é uma realidade muito próxima tendo em vista que, praticamente três em cada dez meninos e meninas iniciam a vida sexual entre 13 e 15 anos (PeNSE 2015).

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015 já apontava para a realidade de que 27,5% dos escolares brasileiros do 9º ano do ensino fundamental já tiveram relação sexual alguma vez na vida, representando cerca de 723,5 mil alunos. Nesta pesquisa, a maior parte dos estudantes (88,6%) tinha idade entre 13 e 15 anos, sendo que a metade tinha 14 anos.

Ao engravidar, muitas meninas abandonam os estudos. Cerca de 20% das adolescentes que engravidaram deixaram de estudar, segundo pesquisa do EducaCenso 2019 que contemplou cerca de metade das escolas públicas e privadas do país. Ao todo, 91.740 escolas responderam e informaram que, em 2018, 65.339 alunas na faixa etária de 10 a 19 anos engravidaram.

Ricardo (16 anos) engravidou a namorada, Sandra (15 anos). Os nomes foram alterados para proteger a privacidade das pessoas. Sua mãe é empregada doméstica e ganha um salário mínimo por mês. Ele precisou largar os estudos para começar a trabalhar e sustentar a nova família (a namorada morava só com a mãe, que, além de não ter condições de cuidar do neto, a expulsou de casa por causa do ocorrido). Sandra também precisará largar os estudos para começar a trabalhar, quando o bebê ficar um pouco maior e ela conseguir uma vaga para colocar o recém-nascido numa creche. Esse é só mais um exemplo de caso das estatísticas.

Outro estudo do Ministério da Saúde, chamado Saúde Brasil, indica uma das maiores taxas de mortalidade infantil entre mães mais jovens (até 19 anos), com 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da taxa nacional, de 13,4 óbitos). Isso porque além da imaturidade biológica, condições socioeconômicas desfavoráveis influenciam nos resultados obstétricos. Na faixa etária de 10 a 14 anos, a maior parte dos registros de gravidez está na região Norte (1,4% do total) e Nordeste (1,1%). Na outra ponta, os menores índices estão na região Sul (0,5%).

A gravidez no começo da adolescência apresenta, inclusive, mais riscos à vida da mulher, assim como a gravidez tardia. A Razão de Mortalidade Materna para a faixa etária de 10 a 14 anos foi de 66 óbitos para cada 100.000 nascidos vivos nessa faixa etária. A taxa total é 55,1.

Além disso, o código penal brasileiro classifica como crime a relação sexual com menor de 14 anos.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a maior concentração de gravidez entre adolescentes ocorre nas camadas mais pobres da população, com maior incidência nas Regiões Norte e Nordeste, sobressaindo entre mulheres negras e com baixa escolaridade.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, os bairros da periferia concentra as maiores proporções de nascidos vivos cujas mães tinham 19 anos ou menos, em relação ao total de nascidos vivos (Marsilac 18,85%, Parelheiros 16,53%, Cidade Tiradentes 16,42%, Brasilândia 14,29%), quando comparados aos bairros mais nobres da cidade (Moema 0,35%, Perdizes 0,54%, Jardim Paulista 0,74%, Pinheiros 0,92%). A gravidez precoce é uma das causas para a manutenção da baixa condição financeira e educacional de muitos jovens, e para o aumento da desigualdade social.

Fontes:

TeensHealth - https://kidshealth.org/en/teens/abstinence.html

https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46294-mais-de-20-mil-meninas-com-menos-de-15-anos-engravidam-todos-os-anos

Rede Nossa São Paulo, citado em https://vejasp.abril.com.br/cidades/dados-revelam-a-desigualdade-de-renda-entre-os-contaminados-pela-covid/