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Além do Sigilo Íntimo

por Sílvio Reda *


O amor é a melhor promessa e a maior realização de nossas vidas. Não basta suspirar por ele, é preciso buscá-lo e encontrá-lo no lugar mais absoluto da nossa intimidade. Ir até lá, arrojada e destemidamente, e retirá-lo, deslumbrante, para a luz do sol. Deixá-lo bem à amostra, não para uma exibição presunçosa e arrogante, porém para que sirva, mais uma vez, de óbvia constatação: de que é parte inerente de nós a condição de amar, mas que apesar disso, hesitamos e receamos expressar este sentimento tão nosso e tão natural.

Por mais absurdo que possa parecer, há pessoas que, antes de não conseguirem externar amor, não o aceitam e não o recebem como doação dos outros a seu favor. Isso mesmo, impedem, estorvando por todas as formas, que alguém, seja familiar, amigo ou parente, lhes dê amor. Obstruem, usando e abusando de todos os artifícios e manhas, para não permitir que a eles mesmos chegue a manifestação de sentimento tão sublime. Talvez aqui uma das maiores contradições do espírito humano.

Muito se fala em quebra do sigilo bancário. Contudo, seria oportuno ouvirmos falar da quebra do sigilo íntimo. Seria quem sabe por aí que descobriríamos a razão de enigma tão assustador: o porquê de desprezarmos o amor, seja por nós mesmos, de alguém em relação a nós, de nós em virtude de alguém.

Amor, esse protótipo da natureza em si mesma, foi transformado por nós em quase um tabu. Esse bem da origem humana de si por si própria acabou sendo desvirtuado e aquilo que deveria ser espontâneo se faz, quando se consegue, através de muito esforço e hesitação.

Mas apesar de tudo existem aqueles que já colocaram no topo de sua lista de prioridades o amor. E mais do que isso, o elegeram como verbo ativo de sua vida cotidiana e já falam, demonstram e praticam o que entendem por amar.

A gente vê esse pessoal por aí abraçado nos filhos, seja qual for a idade destes filhos. A gente os vê no sorriso gratuito dado por nada em troco de tudo. Os reconhecemos nas filas: são aqueles pacientes que não demonstram um mínimo de irritação, pois que no amor aprenderam que o tempo não é uma coisa que começa enorme, grandiosa e que vai diminuindo, se diluindo no dia-a-dia. Aprenderam, com o amor, que o tempo é que nem esse sentimento maravilhoso: nasce infinito e transcorre ilimitado dentro de um espaço interminável chamado coração. Por isso com o que se irritar? Com o que se exaltar? Essa gente anda por aí abraçada no bem ou na bem amada como se estivesse dando o primeiro abraço e beija, como se tocasse a parte mais divina do céu com os lábios. Esse pessoal vive por aí pedindo desculpas quando erra, licença quando dela necessita, consolando quando alguém precisa de consolo, silenciando quando essa é a melhor atitude em meio a algum acontecimento. A gente os percebe nos gestos calmos e tranqüilos. Na tomada de decisões sensatas, na voz mansa. Na atenção que eles dispensam a si próprios e no desvelo com o qual nos escutam e ouvem. A gente os vê sempre prontos a ajudar, resistentes à crítica, e, continuamente, com palavras de incentivo, conforto e elogio na ponta língua, a nosso favor.

Eles estão por aí não só escolhendo, mas também e principalmente sendo eleitos, pois são tão necessários na sociedade atual quanto o ar é para os nossos pulmões. Sim, eles estão por aí dizendo: eu te amo! Com todas as letras, sem receio algum. E eles olham nos olhos da gente como se a gente fosse tão só aquele par de olhos. Têm essa capacidade de condensar a grandiosidade de tudo no aconchego doce e fraterno de um simples momento.

Esse pessoal anda por aí. E nós, como e por onde temos andado? Temos feito companhia a eles?

 


A Fernanda Melchior Griggio que ama e é amada eternamente. Que supera a si mesma e me faz superar a mim próprio e que faz da sua Vida um Lar para a minha Vida.



* Sílvio Reda é advogado, especializado em direito do consumidor, e Juiz Leigo em Porto Alegre.
email: beckreda@yahoo.com.br

 

 


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