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O que é a globalização?


(Continuação do artigo "Globalização e Comunicação")

Mas, voltando à questão que uma pesquisa na Internet nunca responderá: o que é globalização? Globalização é um termo utilizado para tudo e, por essa razão, pode chegar a não significar nada. É necessário, portanto, começar procurando definir bem o significado do termo. Globalização é um processo, e um processo que ocorre no tempo. A origem etimológica lembra globo. Globalização seria um processo de integração global, ou seja, dos habitantes do planeta terra que habitamos. Caso se descobrissem outros seres no sistema solar, os habitantes poderiam pensar em um processo de "solarização", ou integração solar. O mesmo se aplicaria às galáxias.

Pensando nessa hipótese é que foram lançadas ao espaço naves com fotos e sons da terra e dos terráqueos, caso algum habitante de outro planeta ou galáxia cruze com a nave espacial. Independentemente da questão de se existe ou não vida em outros planetas, questão que ignoro e em relação à qual não tenho condições de opinar, o exemplo é útil para compreender o significado da globalização. Sem comunicação não há o que partilhar, "globalizar".

A comunicação, por sua vez, exige um meio de comunicação. No caso humano é a linguagem. As línguas favorecem o relacionamento entre as pessoas e servem para estabelecer elos. Ao mesmo tempo a comunicação exige também um instrumento para transmitira linguagem, seja por meio de sinais de fumaça, luminosos, com altofalantes, megafones, rádio, televisão ou Internet.

Duas barreiras, portanto, limitam a comunicação: uma linguagem comum, que permita a compreensão, e um instrumento que permita e facilite a comunicação. A diferença de línguas é assim um obstáculo para a comunicação e, indiretamente, para a globalização. A outra barreira é tecnológica.

O homem primitivo não era globalizado porque não se integrava, e não se integrava porque não se comunicava. Por isso uma língua universal permite a integração. É o papel que o inglês está desempenhando no mundo moderno. Não sei perto da casa do leitor, mas uma tarde em que caminhava por uma rua comercial de São Paulo resolvi reparar nos nomes das lojas no espaço de um quarteirão. Fiquei surpreso com o que li. O nome de uma loja de malhas e vestidos femininos ostentava em letras grandes: "Sweet cotton". Uma loja para cachorros ("pet shop"), chamava-se "Street dog". Oficina de conserto de motocicletas: "Guard Rail". Sapatos para crianças: "Shoes Kid". Cabeleireiro: "Studios Hair".Para não aborrecer o leitor cito apenas alguns outros nomes de lojas, todas na mesma rua: "Bike & Cia", "Nature Spirit", "Blue & Red", "Patchwork", "Dry Clean Usa"... Somente percebi que estava no Brasil ao ler "Sacolão São Paulo".

Fomos invadidos pelo inglês. É um fato inquestionável, independentemente do que cada um pense a respeito, do que o Congresso Nacional legisle ou de projetos ao estilo Policarpo Quaresma. Como o pégaso da mitologia grega, a língua inglesa tem sido o cavalo da globalização e a Internet as suas asas.


A revolução das comunicações

Quanto à barreira tecnológica, se o rádio, a televisão e o telefone revolucionaram a transmissão das notícias, contribuindo para a integração mundial, a televisão a cabo, o telefone celular e a Internet estão promovendo uma integração muito maior. A tecnologia avança a passos largos e as barreiras das distâncias diminuem a uma insuspeitada velocidade. Os limites técnicos de comunicação estão sendo superados a cada dia, o que não ocorre com a barreira da língua.

A revolução nas comunicações promove a globalização e representa um avanço para a integração mundial. Apresenta, entretanto, como contrapartida, um desafio e um risco. Quando o acesso à informação se torna um fim e não um meio, a pessoa pode empobrecer-se tanto em aquisição de conhecimento, ciência, que só é possível adquirir pelo estudo, quanto na procura e conquista da sabedoria, que é um saber em profundidade, essencial, alcançado pela reflexão e muito distante do simples acúmulo de dados.

Concluindo, a globalização é um processo que se inicia com a comunicação. O advento da globalização traz inúmeras vantagens, porém apresenta sofismas e desafios. A análise desse processo exige reflexão. A comunicação e a ponta do iceberg. A comunicação favorece o relacionamento econômico, o diálogo político e tem um papel importante também cultural e em termos de valores. Para ir ao âmago da globalização é preciso analisar não só a comunicação, mas também a economia, a política e os valores.
Esse, porém, é um outro desafio.

* José Maria Rodriguez Ramos é Coordenador do Curso de Ciências Econômicas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Fonte: INTERPRENSA - ANO VI - Número 61 - www.interprensa.com.br

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