Para se estabelecer um relacionamento positivo com os outros, e poder, deste modo, dizer para si mesmo as coisas, de forma transparente e sem azedume, é preciso cultivar toda uma série de capacidades destinadas a combater o negativismo, estabelecendo-se, assim, uma relação não defensiva com os demais.
O obstáculo maior é que provavelmente já temos gravadas em nosso interior certas respostas emocionais negativas, que não é fácil mudar da noite para o dia.
Por isso devemos nos esforçar em nos familiarizarmos com respostas emocionais mais positivas, de modo que, com o passar do tempo, possamos evocá-las de forma mais natural e espontânea, na medida em que as vamos incorporando ao nosso repertório emocional. Alguns exemplos dessas capacidades emocionais podem ser as que se seguem:
- Tranqüilizar-se a si mesmo, pois, ao se irritar, perde-se bastante da capacidade de escutar, pensar e falar com clareza, seguindo-se uma exacerbação dessa irritação, que tende a criar um enfado maior se não se der um tempo adequado até conseguir tranqüilizar-se de novo.
- Desintoxicar-se de pensamentos negativos hipercríticos, que costumam ser os principais desencadeadores de conflitos. Quando conseguimos nos dar conta de que pensamentos desse tipo nos invadem, e nos decidimos a confrontá-los, o problema já pode estar quase resolvido.
- Ouvir e falar de modo que nossas palavras não despertem a defensividade no interlocutor, quer dizer, que ele não as tome como críticas ou hostilidades. De modo análogo, devemos nos esforçar em ouvir as pessoas sem interpretar o que dizem como um ataque dirigido a nós, quando talvez seja uma simples queixa ou uma observação bem-intencionada.
- Detectar assuntos, momentos ou situações de hipersensibilidade. Se observamos uma atitude defensiva em uma determinada pessoa, é uma clara manifestação de que o assunto tratado reveste-se de importância especial para ela (e por isso mesmo, convém tratá-lo com todo o tato possível), ou que nesse momento ela se tenha alterado por alguma coisa, ou que deve haver alguma razão para que nossa relação com essa pessoa se tenha desgastado, pouco ou muito. Por exemplo, se observamos que fica contrariada quando interrompemos uma explicação sua; neste caso, podemos intervir, sem rispidez, dizendo: "perdoe-me, se a interrompi: o que é que você ia dizer mesmo?".
- Concentrar-se nos assuntos, sem se deter em detalhes insignificantes ou em questões secundárias que entorpecem o diálogo.
- Não derivar para o ataque pessoal. É preferível dizer, por exemplo, "fiquei aborrecido com o seu atraso, quando você poderia ter-me avisado", do que se sair com um "você não teve consideração comigo, é um egoísta".
- Pedir desculpas quando percebermos que nos enganamos, assumindo com simplicidade a responsabilidade que nos couber pelos nossos erros.
- Procurar refletir o estado emocional do interlocutor. Se, por exemplo, alguém exprime uma queixa ou uma preocupação que lhe foi custoso manifestar, devemos procurar deixar claro que nos preocupamos com o que ele está sentindo nesse momento.
- Sermos generosos no reconhecimento dos méritos alheios, sem esconder, quando se apresente a ocasião, os elogios razoáveis que destaquem as qualidades do outro.
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